Araújo: briga com senadores complica saída honrosa

A eventual indicação do atual ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para uma embaixada brasileira importante no exterior começa a se tornar inviável por iniciativa do próprio chanceler. A troca do titular do Itamaraty é dada como certa e pode ocorrer no início desta semana. Araújo convocou para amanhã uma reunião com seu secretariado no ministério. No meio da tarde deste domingo, publicou em suas redes sociais insinuação de que o negócio milionário da internet 5G estaria por trás dos ataques que sofreu de senadores em audiência pública na semana passada. A atitude foi lida como clássica de um demissionário e irritou ainda mais os senadores.

O que era tratado com ironia nas rodas de conversas políticas e também no mundo diplomático – a impossibilidade de Araújo ser indicado para postos diplomáticos na China, EUA ou Índia, países com os quais o chanceler coleciona incidentes ou onde se tornou persona non-grata – acaba de se estender para outras embaixadas brasileiras no exterior. O senado tem peso importante na questão.

Após a postagem, o ainda chanceler colheu declarações iradas de senadores, principalmente da presidente da Comissão de Relações Exteriores, senadora Kátia Abreu (PP/TO), a quem Araújo acusa de fazer lobby em favor dos chineses no negócio do 5G. “Se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será um rei no senado”, teria dito Kátia Abreu às vésperas da audiência pública, segundo relato de Araújo. Após a postagem, a senadora distribuiu nota em que pede a troca imediata do chanceler: “o Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal” – escreveu.

O próprio presidente do senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), reagiu à postagem do chanceler. “A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal”, escreveu o senador, que é importante aliado do presidente Bolsonaro na casa. “E justamente em um momento que estamos buscando unir, somar, pacificar as relações entre os Poderes. Essa constante desagregação é um grande desserviço ao País”, completou Pacheco.

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