Diabetes atinge 80% dos pacientes internados no HGE com hipertensão

Uma angioplastia com implantação de stent salvou um dos membros inferiores da paciente Maria José dos Santos, de 70 anos. Com dificuldade na circulação sanguínea, devido ao diabetes, ela foi transferida de outra unidade hospitalar para ser tratada no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. No caso dela, o procedimento garantiu que uma amputação, que poderia ser ao nível da coxa, fosse reduzida a um dedo do pé.

Como ela, muitos outros pacientes têm sido internados na unidade hospitalar com agravantes decorrentes da diabetes. De acordo com o cirurgião vascular do HGE, Cézar Ronaldo Alves, 80% dos pacientes que chegam ao hospital com problemas na área vascular têm a doença, 50% destes nem sabiam que eram diabéticos descompensados e, os que sabiam, não fazem o controle adequado da doença. A grande maioria deles é do interior do Estado.

“É difícil de imaginar que em pleno século XXI, muitas pessoas descobrem a diabetes em uma fase avançada de suas vidas, e com um quadro grave, no leito de um hospital. Quem possui histórico familiar de doenças vasculares como obstrução arterial, trombose, pé diabético, erisipela (infecção na pele), AVC [Acidente Vascular Cerebral] ou hipertensão arterial, precisa ficar atento para identificar e tratar precocemente os fatores de risco. Os cuidados preventivos podem evitar internações hospitalares e, principalmente, amputações de membros”, comentou o especialista.

Segundo ele, as doenças vasculares são crônicas, por isso necessitam de atenção especial. “Quando esses pacientes chegam ao HGE já estão com sérias complicações que poderiam ser evitadas com o acompanhamento clínico nos postos de saúde. Infelizmente a maioria dos nossos pacientes não recebe um acompanhamento da rede de Atenção Básica dos seus municípios, chegando ao HGE com o estado de saúde bem agravado. Além disso, falta atendimento especializado para esses pacientes após a alta, o que os fazem retornar com os mesmos problemas e ainda pior”, referiu Cézar Ronaldo.

Referência estadual

Referência em Alagoas nesse tipo de serviço público de saúde, o HGE admite uma média de 15 novos doentes por dia na área vascular, provenientes de todos os municípios alagoanos. Dados estatísticos do HGE mostram que em 2018 a unidade hospitalar realizou 3.238 cirurgias vasculares. Este ano, as cirurgias já passaram de 1.300, podendo chegar a quatro mil no final do ano, segundo confirmou o especialista.

“Os principais fatores de risco para as doenças vasculares são a hipertensão, diabetes, tabagismo, obesidade, estresse e o sedentarismo. O número de pacientes graves com doenças vasculares que procuram o hospital poderia ser reduzido pela metade, caso houvesse prevenção como, por exemplo, o controle da glicemia, hipertensão, colesterol. higiene diária e cuidados com os pés dos diabéticos”.

Cézar Ronaldo explicou, ainda, que os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos vêm diminuindo a necessidade de amputações de alguns pacientes.  A técnica da área vascular que realiza os procedimentos cirúrgicos através de pequenas incisões e com sedação mais leve vem salvando a vida de muitos pacientes do Hospital Geral do Estado. Em média, são realizados, por mês, procedimentos endovasculares e de Alta Complexidade em 25 pacientes na unidade hospitalar.

“Atualmente, o HGE tem respondido pela grande maioria das cirurgias vasculares e endovasculares de Alagoas realizadas através do SUS [Sistema Único de Saúde]. A taxa de permanência desses pacientes que, antes girava em torno de 12 dias, agora é de cinco dias. Das cirurgias vasculares realizadas, 90% são programadas e 10% oriundas de traumas”, de acordo com o cirurgião.

 

Assessoria

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