Eduardo Tavares defende frente de trabalho para salvar Velho Chico

O prefeito da cidade ribeirinha de Traipu,tucano Eduardo Tavares, participou, em Recife, nessa quinta, 18, da XXXII Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que teve como tema central, este ano, a “Transposição e Escassez Hídrica”.

Em sua fala, na abertura do evento, ele chamou a atenção dos participantes para a situação caótica em que se encontra o principal rio nordestino. “Quando um rio, com uma riqueza de manancial como tinha o São Francisco, chega a um deflúvio de menos de 700 metros cúbicos por segundo, ele está em seu estado mortal. Para se ter uma ideia, o Rio Tocantins, com bacia semelhante, tem uma vazão média de 11 mil metros cúbicos por segundo.”, comparou, atribuindo o estágio terminal do rio a uma série de fatores, como o desmatamento ciliar, a deposição de dejetos industriais e a falta de saneamento básico, além das milhares de captações oficiais e clandestinas de água.

O prefeito afirmou que o rio apresenta sinais degenerativos nos quatro estirões situados ao longo dos seus dois mil e oitocentos quilômetros de extensão, compreendidos entre os municípios de São Roque de Minas e Medeiros, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, à foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe.

Para o gestor, medidas paliativos não ajudarão na resolução da grave crise hídrica. Em seu entendimento, a solução poderia chegar através da construção de duas barragens. “Tenho uma tese, mas uma parte das pessoas que se dedicam à defesa do Rio é um pouco reticente a ela: é a chamada reservação de água, ou o barramento. Penso que, como estamos a falar do baixo São Francisco, uma barragem de contenção na foz e outra de regulação à altura de Porto Real do Colégio, trariam as águas do rio para o nível normal. Aí sim! Começaríamos a fazer todo um trabalho de revitalização, replantando as margens, cuidando das nascentes e dos afluentes, executando os projetos de saneamento básico em todas as cidades da Bacia do São Francisco”.

Para evitar a morte anunciada do Velho Chico, Eduardo Tavares disse que pretende criar uma frente de prefeitos de cidades ribeirinhas para tratar do problema. “Corremos o risco de morrermos de sede e no escuro”. Sobre a transposição das águas do rio, ele afirmou que esse é um problema à parte. “A ‘malsinada’ transposição é um problema em si. Ela não resolverá o problema a que se propõe a resolver. Ademais, a mega obra só serve mesmo para atender interesses escusos, sobretudo das empreiteiras, muitas delas envolvidas na Operação Lava Jato. Precisamos abrir a caixa-preta da transposição” finalizou o prefeito.

 

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