Vendas no Natal caem nas lojas, mas bombam na internet
Os brasileiros decidiram colocar menos presentes debaixo da árvore de Natal em 2014. Dados divulgados nesta sexta-feira (26) por diversas instituições financeiras mostram uma queda histórica nas vendas, que foram as piores em uma década. Apesar do desânimo da economia, um setor pode celebrar sem medo neste fim de ano: o comércio eletrônico, cujas vendas cresceram 37% no período.
As vendas registraram queda de 1,7% no Brasil entre 18 e 24 de dezembro deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Serasa Experian. Foi o primeiro resultado negativo desde 2003.
Já de acordo com a SPC Brasil, que analisa as vendas a prazo na semana que antecede o Natal, o volume de negócios caiu 0,7% em relação ao ano passado. Foi o Natal mais fraco para o comércio varejista dos últimos cinco anos, segundo a SPC Brasil.
Os motivos que explicam mais uma derrapada de 2014 já são bem conhecidos dos consumidores: inflação alta e juros caros. O cenário se complica ainda mais porque a confiança do consumidor está abaixo da média, ou seja: os brasileiros estão mais receosos com a economia nos próximos meses, o que é uma razão a mais para deixar o dinheiro guardado.
“A inflação pesou no bolso dos consumidores. Os juros estão mais elevados e os rendimentos dos trabalhadores já não crescem com tanto vigor como nos últimos anos, o que é fundamental para aquecer o consumo das famílias”, afirmou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Shoppings e web se salvam
Quem sofreu mais com a queda foram os estabelecimentos de rua, já que os shoppings registraram uma ligeira alta.
A Alshop, representante dos shoppings, informou ontem que as vendas subiram 3% no Natal — ante uma expectativa de 4,5%. Apesar disso, o resultado foi o pior dos últimos oito anos.
No acumulado de 2014, o resultado também não é animador. A Alshop estimava crescimento nominal de cerca de 10%, mas as vendas subiram 8%.
Quem se deu bem mesmo neste Natal foi o comércio eletrônico. Em um ano em que o País deve crescer pouco acima de 0%, o comércio eletrônico conseguiu vender 37% a mais entre 15 de novembro a 24 de dezembro de 2014, na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume negociado chegou a R$ 5,9 bilhões, batendo as expectativas, que eram de R$ 5,2 bilhões.
“A internet começa a entrar muito forte nas compras, principalmente porque as pessoas já conhecem os seus direitos [na hora de fazer uma compra online]”, explica Marcela.
Segundo a economista, no entanto, o principal termômetro da economia ainda é o das lojas físicas.
— Na loja você consegue conferir o produto e até entende melhor essa compra. É o ponto de referência do consumidor.
Marcela aponta os preços mais baixos na internet como um diferencial. Ela ressalta, contudo, que os mesmos descontos também podem ser adquiridos nos estabelecimentos.
— A internet muitas vezes tem o produto mais barato. Mas se você chegar à loja com o desconto da internet, você consegue esse desconto na loja física. [Além disso], a internet tem um desconto fixo, sem negociação. Já na loja física ainda é interessante porque dá para negociar.
Se os empresários faturaram menos nesse fim de ano, quem pode aproveitar são os consumidores. Como as vendas não foram boas, os descontos pós-Natal tendem a ser mais atrativos.
— Agora vai chamar atenção do consumidor que quer gastar menos dinheiro.