Rosane Malta revela em livro a sua verdade sobre o ex-presidente Collor
A corte de Alagoas, com o rei Fernando Collor de Mello e a rainha Rosane Collor (née Malta), chegou em Brasília, em 1990, com pompa e um séquito de súditos, alguns duques, condes e valetes, como PC Farias, Clécio Falcão e Cláudio Vieira. No meio do caminho, o rei Collor e a rainha Rosane se desentenderam e o nobre das Alagoas chegou a retirar a aliança de ouro do dedo anular da mão esquerda. Chegaram a relacionar dois supostos adultérios — jamais comprovados — da mulher do nobre. Os felizardos seriam os plebeus Júlio Lopes, empresário do Rio de Janeiro, e o mineiro Luiz Mário de Pádua, belo guapo que havia trabalhado com o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. No meio do caminho, falou-se de supositórios de cocaína — “informação” que circulou na imprensa inglesa, às vezes de pouca nobreza, e nas páginas da revista “Veja”. Falou-se também de magia negra em espaços palacianos. Pois agora, ao voltar a ser plebeia, Rosane, de novo Malta, escreveu um livro no qual conta suas histórias e as do ex-marido Fernando Collor. Tudo é verdade ou nem tudo é verdade? Talvez seja mais adequado colocar um murinho na odisseia: é quase tudo verdade.
No livro “Tudo Que Vi e Vivi” (Leya Brasil, 288 páginas) — a editora tasca um subtítulo sugestivo: “Testemunho corajoso da primeira-dama mais jovem que o Brasil já teve” —, Rosane Malta, que se tornou evangélica e leva uma vida mais espartana, foi abandonada por Fernando Collor, que se casou com uma arquiteta mais jovem e com quem tem duas filhas. O ex-rei e a ex-rainha não tiveram filhos, apesar do tratamento que fizeram — ou um deles fez. No livro, sem receito de processo ou ameaças, Rosane Collor relata os bastidores dos palácios colloridos no tempo pré, no tempo do e pós-impeachment.
Rosane Collor revela que se temia que o presidente Collor, jovem e meio intempestivo, se suicidasse. Ele sentia-se desmoralizado e destruído (voltou à política, tornou-se senador por Alagoas e é aliado do Partido dos Trabalhadores, um de seus maiores algozes). A ex-primeira-dama confirma as intrigas familiares — a família Karamacollor está à espera de um Fiódor Dostoiévski para dissecá-la (Pedro, o caçula, detonou o irmão Fernando) —, a veracidade dos rituais macabros na Casa da Dinda (da Dindamarca, para alguns) e menciona os esquemas corruptos do tesoureiro da campanha de Collor, Paulo César Farias, o PC. O destino da grana da corrupção, que muitos acreditam que teria ido em parte para o exterior, é discutido pela “historiadora” do governo Karamacollor.
Segundo a editora Leya, o livro é revelador. Rosane Malta relata que, para se recuperar de uma depressão poderosa, tornou-se evangélica e resignou-se: não ama mais Fernando Collor.
O livro já pode ser pedido no site das livrarias, como a Cultura.
Redação com Euler de França