Mãe chora ao conhecer paciente que recebeu coração do filho atropelado
Mais de 300 pessoas em Alagoas aguardam na fila de espera por um transplante de órgão. Essa fila vem diminuindo gradativamente e cada vez mais rápido. Na véspera do Dia Nacional de Doação de Órgãos, a Central de Transplantes do estado aponta que, em 2013 foram realizados 73 procedimentos, enquanto este ano já foram 91. Um deles foi o do coração do filho da professora Elisabete Melo, morto no início deste mês atropelado por um motociclista.
“No momento de dor, eu queria trazer alegria pra alguém. Alguma família tinha que ter alguma alegria. Embora na minha dor, eu sabia que se a gente fizesse uma doação, alguém ficaria feliz diante de tanta dor”, conta a professora.
Essa alegria foi constatada na tarde desta sexta-feira (26), quando Elisabete foi até o hospital onde está internado o paciente que recebeu o coração de Arthur, o militar Adeildo José da Silva. “O coração do meu filho nunca parou de bater. Foi a melhor coisa que aconteceu nas nossas vidas, dar esse coração do meu filho amado”, emociona-se a professora.
Silva também se emociona com o encontro com a mulher que o ajudou no momento de tanta dor. “Agradeço muito, porque minha vida já estava praticamente a um último respiro e veio um anjo preparado para me socorrer. Agora posso dizer que tenho mais uma mãe, mãe Elisabete”, afirma o militar.
Quem ainda não teve a mesma sorte do militar transplantado, aguarda ansioso a oportunidade. É o caso da estudante Quitéria Soares da Silva, que luta todos os dias contra uma doença renal crônica em sessões de hemodiálise. “O que a gente passa aqui não é fácil”, lamenta.
Espera dolorosa, mas que é atenuada com ações de voluntários como a assistente social Ana Cláudia Barros de Jesus. Ana Cláudia faz parte de uma das comissões intrahospitaleres de doação de órgãos e tecidos do estado. “O nosso trabalho é fazer diariamente a buscativa de doadores dentro do hospital e tentar sensibilizar as famílias para que seja efetuado transplante e, com isso, diminuir a espera pelo transplante”, esclarece.
Até o ano passado, a Central de Transplantes de Alagoas, que fica no Hospital Geral do Estado (HGE), era uma das poucas do país sem uma organização de procura de órgãos. Desde a implantação, no começo do ano, já foram realizados três transplantes de coração, o que não acontecia há dois anos.
Ações como estas trazem esperança de ver cada vez mais vezes cenas emocionantes como o abraço do militar Adeildo com a mãe do jovem que, indiretamente, salvou a vida dele.
Fonte: G1