O presidente da Bolívia, Evo Morales, apresentou nesta sexta-feira seu livro “Mi vida, de Orinoca al Palacio Quemado” que contém aspectos pouco conhecidos de sua vida, que começou na remota comunidade andina de Isallavi no dia 26 de outubro de 1959.
Morales disse que resolveu contar a verdade sobre sua história porque há muitos livros bons e ruins sobre sua vida e que um deles foi escrito com tergiversações e mentiras por um suposto agente da CIA (agência central de inteligência) dos Estados Unidos, a quem não identificou.
O texto está redigido em primeira pessoa com os depoimentos feitos por Morales a seu ex-porta voz e ex-ministro das Comunicações, Iván Canelas, que o ajudou a editar a obra apresentada nesta sexta-feira.
Canelas e o vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, explicaram que o conteúdo do livro repassa a vida do líder desde o seu nascimento em Isallavi, comunidade de Orinoca, até sua chegada ao Palácio Quemado, a sede do governo em La Paz, no dia 22 de janeiro de 2006.
Uma das primeiras revelações da obra, de mais 400 páginas, é que Morales inicialmente deveria se chamar Evaristo, que era o nome que correspondia com seu nascimento no Almanaque Bristol, que antes era usado para batizar os recém-nascidos na Bolívia.
“Quem, naquela época, imaginaria que um menino camponês, que nasceu na pobreza, em uma região desconhecida e esquecida do altiplano boliviano, chegaria a ser presidente”, disse Canelas.
O livro relata que Morales foi o quinto dos sete filhos do casal Dionisio Morales e María Ayma.
Três dos filhos homens morreram antes do nascimento de Morales e uma das mulheres faleceu depois. Atualmente, o presidente boliviano tem dois irmãos vivos: Hugo e Esther.
Morales conta que nasceu sobre uma pele de carneiro, que viveu em uma casa sem água e energia elétrica e onde a comida era preparada em um fogão a lenha.
Também relata sua vida de pastor, suas longas caminhadas para ir até a escola e visitar outras comunidades, sua passagem por uma banda de músicos como trompetista, seu gosto pelo futebol, seu serviço militar e sua transição para se transformar em dirigente sindical na zona produtora de coca no Chapare, no centro do país, e depois em político.
Além disso, conta que aos oito anos preparava sua comida e cuidava de seu irmão menor, que aos 14 anos conheceu as roupas íntimas, que aos 15 anos conheceu a energia elétrica e aos 17 o chuveiro, a escova e o creme dental, segundo García Linera.
A obra também relata a vida dura de Morales no campo, que dormia nas colinas quando era pastor, que comia cascas de fruta e, inclusive, as namoradas que teve, disse o vice-presidente.
Morales continua solteiro, mas tem dois filhos jovens, Álvaro e Eva Liz, de diferentes mulheres.
Canelas enfatizou que a leitura do livro é indispensável “para quem quer compreender a vida de milhares de crianças e adolescentes do altiplano” e a luta de Morales pela dignidade dos bolivianos.
O livro termina com a chegada de Morales à Presidência no dia 22 de janeiro de 2006 e com o anúncio de que será escrita uma segunda parte, que contará seu período como presidente.
A Constituição boliviana permite apenas dois mandatos consecutivos, mas Morales buscará neste ano seu terceiro período, que vai até 2020, com o aval de uma decisão do Tribunal Constitucional.
Fonte: EFE