Jogador surdo e que não fala brilha na várzea
Danilo nasceu surdo. Devido à deficiência, ele também não desenvolveu a voz. A limitação jamais o impediu de jogar futebol como qualquer outro. Dentro de campo, não há pressão da torcida rival, tampouco barulho do apito do juiz. A “linguagem da bola” falou mais alto para o atacante do Martinica, time que disputa campeonatos de várzea em São Paulo.
O jogador é a esperança de gols da equipe amadora do bairro de Campo Limpo. Para defender o Martinica, o atacante recebe ajuda de custo. O time paga a gasolina usada para o atleta chegar ao clube.
Danilo é marceneiro, mas está desempregado. Ele recorre a gestos com a mão e leitura labial para entender e ser entendido. Danilo tenta ser o mais simples possível para ser compreendido pelos colegas de time. Quando quer receber a bola, ele aponta o dedo para o chão.
Em caso de reprovação após decisão da arbitragem, Danilo faz apenas o sinal de negativo com o rosto.
“Ele entende fácil o que os jogadores e o que o técnico querem. O Danilo capta na hora os recados que eu passo. Às vezes um atleta do time vai até ele repassar um comunicado”, diz o treinador do Martinica, Alex “Peruano”.
O futebol sempre esteve presente na vida do jogador amador de 27 anos. Ainda adolescente, Danilo fez testes no Santos.
Em 2007, o atacante defendeu o Palestra de São Bernardo, clube que integrava a 4ª divisão paulista. Danilo fez gols, mas o clube dispensou todo o time após má campanha no Paulistão. Na época, ele ganhava R$ 500.
Bem humorado, o atacante explica que o lado positivo de ser surdo é “não ouvir provocações de jogadores e torcidas rivais”. Seu sonho é voltar a jogar profissionalmente.
“O Danilo é um menino dedicado, tem um chute muito forte e faz muitos gols” conta a mãe e maior incentivadora, Maria da Glória Nogueira.
Em virtude da deficiência do filho, Glória estudou a Língua Brasileira de Sinais (Libras) se formou na área e atualmente trabalha na capacitação e inclusão de surdos e mudos na sociedade.
UOL