Eunice Paiva, matriarca de “Ainda Estou Aqui”, financiou o aborto do próprio neto
Eunice Paiva, a matriarca retratada no filme “Ainda Estou Aqui”, pagou pelo aborto do próprio neto. A revelação foi feita por Marcelo Rubens Paiva em seu livro homônimo, que inspirou a obra nos cinemas. Segundo o autor, sua mãe teve um papel fundamental na decisão de interromper a gravidez de sua namorada, então com 18 anos.
“Ela nem pensou duas vezes. Não deu lição de moral, uma dura, não reagiu emocionalmente, usou a razão, como sempre. Deu o dinheiro, apoio, e ainda exigiu o melhor”, escreveu ele no capítulo que ficou de fora do filme que rendeu o primeiro Oscar ao Brasil.
Marcelo começa a história tentando justificar sua decisão afirmando que, em 1979, era um estudante do terceiro ano da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sem dinheiro, vivendo da mesada da mãe e fazendo pequenos trabalhos. Conforme relata no livro, “no calor de um fim de semana na casa de praia de amigos”, eles deram “bobeada” e ela engravidou.
Segundo Marcelo, a família da jovem era “muito conservadora” e ele pesquisou as opções (o aborto), pois queria o “melhor” para a namorada. No seu relato, porém, a garota parece não ter voz. Não fica claro se o aborto foi uma escolha dela ou foi coagida. Para disfarçar o procedimento para retirar o bebê, disseram à família da namorada que fariam uma viagem.
Marcelo descobriu que havia tipos diferentes de aborto e queria o “mais seguro”, afirma no livro. O escolhido por ele foi a sucção, procedimento “caríssimo”, fora de seu alcance financeiro. Foi então que pediu dinheiro à mãe, Eunice, moradora do Jardim Paulista, bairro nobre de São Paulo.