Força-tarefa oferece recompensa para localizar informante no caso do delator do PCC
A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) que investiga a execução de Vinicius Gritzbach, delator do PCC, no Aeroporto Internacional de São Paulo, anunciou nesta terça-feira (19) uma recompensa de R$ 50 mil para localizar o suspeito de ser o informante que possibilitou o crime, valor máximo definido por um decreto estadual.
O homem, identificado como Kauê do Amaral Coelho, teria ligação com a facção criminosa. A Polícia Civil fez uma operação pela manhã para prendê-lo, mas não o encontrou. Conseguiu apenas cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao suspeito.
A SSP informou que, no dia da execução, ele circulou pelo saguão do aeroporto e, assim que localizou Vinicius seguindo em direção ao desembarque, sinalizou aos atiradores que aguardavam na área externa.
Gritzbach estava no aeroporto porque voltava de uma viagem de Maceió. Segundo fontes da polícia, familiares teriam relatado que Vinicius tinha ido à capital alagoana para cobrar uma dívida de um conhecido. No momento do crime, a vítima levava uma bagagem contendo mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor.
“A Polícia Civil cumpriu mandados de busca em endereços relacionados a ele, ele não estava nos locais. Ele encontra-se foragido neste momento. O irmão dele informou aos policiais que o Kauê já havia ligado avisando que possivelmente as polícias iriam atrás dele”, informou Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública
A polícia chegou até o suspeito ao analisar as câmeras de segurança do aeroporto. Segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, fica nítido pelas imagens que, ao olhar em direção ao carro dos atiradores, o suspeito aponta para Vinicius no momento em que desembarcava.
Derrite afirmou ainda que, pelas imagens, Kauê já aparece no saguão uma hora antes do pouso de Vinicius.
O suspeito foi preso por tráfico em 2022 e, em outro caso, cometeu desacato contra um agente de trânsito. No boletim de ocorrência registrado no episódio, ele chegou a fazer ameaças dizendo pertencer ao PCC. A foto dele foi divulgada por Derrite durante coletiva de imprensa.
A investigação não tem elementos concretos sobre o paradeiro do suspeito. Derrite não confirma nem descarta a informação de que Kauê pode ter fugido para o Rio de Janeiro.
Execução no aeroporto
O empresário foi morto a tiros no dia 8 de novembro. Um motorista de aplicativo que estava no local também foi atingido e morreu. Outras três pessoas ficaram feridas.
Investigadores da Polícia Civil e da Polícia Militar apuram quem mandou matar Vinicius, quem o assassinou e por quais motivos. Entre as hipóteses investigadas estão o envolvimento de policiais civis, policiais militares, um agente penitenciário, um devedor ou membros da facção criminosa PCC.
Além de delatar à Justiça integrantes do Primeiro Comando da Capital por lavagem de dinheiro, o empresário delatou agentes da Polícia Civil, da PM e da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) por corrupção. Um homem que devia R$ 6 milhões a Vinicius também é investigado. Ele pagou a dívida com joias em Alagoas.
Polícia tenta identificar assassinos que executaram o delator do PCC
Segundo os investigadores, cada um dos suspeitos teria seus próprios motivos para querer matar Vinicius.
O número total de agentes de segurança investigados não foi divulgado pela força-tarefa. A reportagem apurou que ao menos 13 policiais, entre civis e militares, são suspeitos de participação no crime. Desse grupo, oito PMs foram afastados. Policiais civis também, mas a SSP não informou quantos foram.
Vinicius era réu em processos de homicídio contra dois membros do PCC e por fazer lavagem de dinheiro para a facção. Ele respondia aos crimes em liberdade.
Em abril, a Justiça homologou uma delação premiada dele com o Ministério Público. O acordo permitiria que o empresário tivesse redução das penas no caso de condenações. Em troca, ele denunciou integrantes da facção por lavagem de dinheiro e agentes de segurança por extorsão.
Um áudio que faz parte da deleção revela, segundo a defesa de Vinicius, um advogado ligado ao PCC oferecendo a um policial civil R$ 3 milhões de recompensa para ele matar o empresário. Ele também acusou agentes de cobrarem R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo como suspeito de ser o mandante dos assassinatos criminosos do PCC. O empresário disse que não pagou a propina.