Mãe, irmão e aliados de prefeito são suspeitos no assassinato de blogueiro
A Justiça de Alagoas expediu mandados de prisão para Maria Rejane da Silva e Valdir Silva, mãe e irmão do prefeito de Junqueiro, Leandro Silva (MDB), acusados de envolvimento no assassinato do blogueiro político Adriano de Farias. Maria Rejane já cumpriu pena de 13 anos por um homicídio anterior. Segundo a polícia, ambos os familiares do prefeito encontram-se foragidos. Vale destacar que Valdir Silva foi candidato à Prefeitura de Teotônio Vilela pelo MDB, perdendo para Peu Pereira (PP).
O crime ocorreu no dia 18 de junho, quando Adriano de Farias, de 32 anos, foi atingido por quatro disparos de arma de fogo calibre 9 mm quando retornava da academia. A vítima, conhecida por manter um blog crítico à política local, havia, segundo amigos e familiares, mencionado anteriormente que vinha sendo ameaçada por figuras ligadas ao poder municipal, incluindo o próprio prefeito. O delegado responsável pelo caso, João Marcello Almeida, afirmou que os familiares do prefeito estão sendo procurados e considera que o homicídio foi uma resposta às críticas de Farias à gestão municipal.
De acordo com as investigações, o assassinato de Adriano foi uma emboscada cuidadosamente planejada. Dois outros indivíduos já foram presos acusados de participar diretamente da execução: Carlos Henrique Ferreira Santos, ex-integrante da Guarda Municipal, e José Fábio de Lima, ex-fiscal de obras da prefeitura. Um terceiro, Hélio da Silva, que foi candidato a vereador pelo PSB nas eleições de outubro e aliado do prefeito, também está com prisão preventiva decretada e igualmente foragido até o fechamento desta edição.
Hélio Silva, popularmente conhecido como “Bocão do Povo”, obteve 193 votos nas eleições deste ano. Já de acordo com informações do sistema da Justiça Eleitoral, DivulgaCand, Hélio da Silva recebeu uma doação de R$ 360 do prefeito para sua campanha. Além disso, Silva atuou como diretor de Urbanismo da Prefeitura de Junqueiro, cargo em que ingressou em 2021 e ocupou até junho de 2024, com remuneração de R$ 4 mil mensais. O número do processo do caso é 0000016-35.2024.8.02.0016. As prisões, que foram determinadas pelo magistrado Flávio Renato Almeida Reyes, ainda aguardam cumprimento, conforme consta do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).
As informações da polícia apontam que os envolvidos teriam agido de forma coordenada, com o objetivo de intimidar e silenciar a vítima, cuja postura crítica vinha atraindo a atenção da população. Para a Polícia Civil, as prisões preventivas dos suspeitos visam não só a manutenção da ordem pública, mas também a garantia do andamento do inquérito, evitando a destruição de provas e intimidação de testemunhas que possam colaborar com o processo.