MPF recebe denúncia contra “Máfia da Areia” em Feliz Deserto

 

Um grupo de empresários e moradores de Feliz Deserto esteve ontem à tarde na sede do Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL) para denunciar a extração predatória de areia do litoral de Feliz Deserto. A areia é vendida à Braskem, que usa o material para tamponar as minas de sal-gema desativadas por determinação judicial.

De acordo com os denunciantes, a extração está sendo feita, com autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM), pela empresa Geomineradora, que pertence ao geólogo Oswaldo de Araújo Costa Filho e ao filho dele o advogado Oswaldo de Araújo Costa, mas utilizando o maquinário do empresário Sérgio Accioly Chueque.

“A bem da verdade tanto o geólogo como o filho dele trabalham para o Chueque e são testas de ferro deles nessa empreitada. Eles começaram extraindo areia da Praia do Francês, tanto do Sitio Accioly como do Sítio Bom Retiro, que pertence à Igreja Católica, mas com a atividade foi embargada, por decisão da Justiça, levaram as máquinas e os equipamentos para explorar as dunas da Praia de Feliz Deserto”, comentou um dos denunciantes, antes de entrar para a sala de atendimento ao cidadão, onde foi registrada a denúncia.

Autorização

Segundo os denunciantes, os integrantes da chamada “Máfia da Areia” bloquearam pesquisas de minério em toda a região e conseguiram a autorização para as pesquisas, inviabilizando a exploração da área por outras pessoas.

“Da Praia do Gunga ao Pontal do Peba, passando por Coruripe e Feliz Deserto, até Piaçabuçu, na divisa com Penedo, eles conseguiram autorização para explorar as jazidas de areia, impedindo que essa atividade seja explorada por outros grupos”, comentaram os denunciantes.

Eles disseram também que a quantidade de areia extraída por essa empresa [Geomineradora] da Praia de Feliz Deserto está acabando com as dunas da região. Além disso, a retirada de areia para tamponar as minas da Braskem é tão rápida, são tantas as caçambas que saem carregadas para Maceió, que a extração vai avançando cada vez mais, rumo ao extremo do Litoral Sul do Estado. Com isso, a atividade predatória já está ameaçando a Área de Proteção Ambiental (APA) do Pontal do Peba.

“Essa é a nossa preocupação e dos demais comerciantes de Coruripe, Feliz Deserto e Piaçabuçu, porque a retirada dessa areia está acabando com a natureza, com as dunas, os coqueiros e com a beleza do nosso litoral, comprometendo os nossos negócios e turismo na região”, alertaram os denunciantes. Eles pediram providências urgentes às promotoras do MPF de Alagoas que atuam na defesa do meio ambiente.

Pedido é para embargo do Ministério Público Federal à atividade

“A gente quer o Ministério Público embargue de imediato a extração de areia em Feliz Deserto e investigue os integrantes do crime organizado, que há cerca de quatro anos vêm lucrando com a extração e a venda de areia. Uma investigação simples já constata o crime que eles continuam cometendo. Não sei por que os integrantes dessa ‘máfia’ ainda não foram presos”, afirmou um dos denunciantes, que pediu anonimato, para evitar retaliação e ameaças.

Os denunciantes pediram também que o MPF investigue as licenças fornecidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), que teriam sido liberadas de forma ilícita, com base em informações falsas e documentação duvidosa.

“As licenças parecem legais, mas não resistem a uma investigação minuciosa, porque foram negociadas com os gestores dos órgãos de fiscalização, tanto com a ANM, por meio do gerente Fernando Bispo; como do presidente do IMA, Gustavo Lopes”, denunciaram.

OUTRO LADO

No entanto, entramos em contato com eles, ou por meio telefônico ou por aplicativo de mensagem. Até o início da noite, apenas o geólogo Oswaldo Filho atendeu às ligações e disse que o filho dele, o advogado Oswaldo Neto iria dar as explicações, mas não recebemos o retorno.

No entanto, o geólogo, por telefone, informou que a atividade de extração de areia em Feliz Deserto está toda legalizada e em nenhum momento ameaça a APA do Peba. Oswaldo Filho afirmou também que já sabe de onde partem as denúncias e adiantou que está tomando as medidas legais para se defender das acusações.

Nem o presidente do IMA, Gustavo Lopes, nem o gerente da ANM em Alagoas, Fernando Bispo, responderam às mensagens enviadas pela reportagem.

Empresa acusada de integrar “máfia da areia” se defende

O advogado da Geomineração disse que “a empresa nega as acusações e vai tratar amanhã da questão dos nomes envolvidos, pois se trata de um ataque direto e gratuito contra as pessoas citadas, usando o jornal”.

Segundo a nota enviada, “os fatos da denúncia são todos inverídicos”.

“A empresa recebe com indignação a publicação da denúncia anônima, veiculada sem fundamento ou prova, baseada em fatos falsos e veiculando fake news, claramente com o intuito de manchar a reputação da empresa, de profissionais de renome e ética profissional, no objetivo de atender a interesses ocultos. Todas as atividades da empresa são conduzidas rigorosamente dentro da legalidade, com total transparência e em conformidade com a legislação vigente”, diz a nota.

O advogado acrescenta que “todas as atividades da empresa são conduzidas rigorosamente dentro da legalidade, com total transparência e em conformidade com a legislação vigente”.

De acordo com ele, “a empresa e seus profissionais são extremamente reconhecidos por sua atuação no setor mineral no estado de Alagoas, onde construímos uma sólida confiança ao longo de 50 anos de experiência. Nosso compromisso com a excelência e a ética em todas as nossas atividades é respaldado por décadas de trabalho sério e transparente, sempre em conformidade com as normas legais, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais”.

E conclui: “ao longo desse período, contribuímos de forma significativa para o desenvolvimento econômico do estado, fortalecendo a cadeia produtiva de Alagoas”.

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