Ainda Estou Aqui”: o que esperar do filme de Fernanda Torres e Selton Mello


“Eram umas 11h, mais ou menos, quando eles invadiram a casa. Eram uns seis caras com metralhadoras, mas eles estavam de terno e gravata. Interessante… Naquela época, a repressão era mais elegante, né?…

A memória acima foi retirada de um depoimento do escritor Marcelo Rubens Paiva durante A Feira do Livro, evento que aconteceu em São Paulo no mês de julho. Marcelo, conhecido por Feliz Ano Velho (1982), em que conta sobre o acidente que o fez perder os movimentos do corpo, estava relembrando o dia em que militares brasileiros prenderam e assassinaram o seu pai.

O ano era 1971. Três anos antes, o Ato-Institucional 5 dava início a um dos períodos da maior repressão da ditadura militar. No dia 20 de janeiro, o engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva foi levado por agentes do Exército para prestar depoimentos. Ele foi torturado e morto pelo regime.

A verdade, porém, levou décadas para vir à tona. Eunice Paiva, esposa de Rubens, teve de cuidar sozinha de cinco filhos enquanto buscava por respostas sobre o marido.

Essa é a história de Ainda Estou Aqui, filme de Walter Salles que recebeu dez minutos de aplausos na 81ª edição do Festival de Veneza, um dos mais importantes do cinema. O longa estreou por lá no dia 1 de setembro e compete pelo Leão de Ouro, o principal troféu, ao lado de filmes como Coringa 2 e o novo do cineasta Pedro Almodóvar, The Room Next Door.

A atriz Fernanda Torres é a versão jovem de Eunice Paiva. Sua mãe, Fernanda Montenegro (que trabalhou com Salles em Central do Brasil) vive Eunice já na velhice. Selton Mello interpreta Rubens.

O filme é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015. É uma coletânea de memórias de sua família, centrada em sua mãe. Conta como ela lidou com a perda do marido, sua atuação política nos anos seguintes e, mais adiante, a luta conta o Alzheimer. Eunice morreu com 86 anos, em 2018.

 

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