Mãe denuncia que filho autista foi amarrado e sedado em escola

 

Os pais de um criança de 7 anos, estudante de uma escola pública de Brasília, registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) denunciando um caso de maus-tratos contra o menino, que está dentro do espectro do Transtorno de Espectro Autista (TEA). O garoto teria sido amarrado e sedado dentro do colégio, após um quadro de agitação, comum aos pacientes de TEA.

O caso ocorreu na última quarta-feira (14), no Escola Classe 102 Sul. Diante da crise de agitação do menino, a direção do colégio acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que realizou a contenção física da criança e o levou ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), sem o conhecimento dos familiares. A mãe do menino só teria sido acionada pela unidade de ensino quando ele já estava dentro da ambulância, a caminho do hospital.

Tatiana Sarkis de Oliveira, 43 anos, mãe do menino, disse que chegou à unidade de saúde e encontrou os demais pacientes assustados com a cena do filho chegando ao local, amarrado e sedado. De acordo com ela, ainda na escola, o filho foi amarrado pelos braços e pernas e colocado à força dentro de uma ambulância.

Ao encontrar o pequeno no hospital, a mãe disse que o menino estava desesperado ao acordar. “Ele me disse ‘socorro, mamãe, me amarraram, me arrastaram, eu pedi para eles pararem, mas eu nem parecia gente. Me deram duas injeções. Eu estou no inferno?’”, teria dito o menino.

Segundo a mãe, a escola e o orientador educacional chegaram a criticá-la, por não medicar a criança, a acusando de negligência e falta de preparo. A mãe já denunciou o caso à Secretaria de Educação do Distrito Federal (Seed-DF) e ao Conselho Tutelar. “A comissão da OAB também já me informou que isso vai ser judicializado. Então, eu estou sentindo que eu não estou mais tão sozinha quanto eu achava. Isso é um absurdo, inaceitável, cruel e desumano”, afirmou a mãe.

Despreparo

A mãe relatou que a escola já havia demonstrado despreparo desde o início do ano letivo, com falta de empatia e poucas práticas inclusivas. “No dia que eu fui levar o encaminhamento e a documentação da matrícula, fui recebida pela pedagoga da escola, que me disse que era melhor eu voltar na Regional de Ensino e solicitar outra escola, porque eles não seriam capazes de nos atender. Me disseram que a turma que ele foi encaminhado poderia receber até 30 alunos, porque lá não tem equipe preparada, não possui câmeras, sala de recursos e que a turma que a regional encaminhou não era inclusiva e que a escola não iria me atender da forma que eu queria”, explicou.

O Metrópoles procurou a Secretaria de Educação para comentar sobre o caso. Até a última atualização desta reportagem, a pasta não havia se posicionado.

 

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