Acusado de matar a esposa a facadas no Antares é condenado a 32 anos de prisão

O Júri Popular condenou o réu Alisson José Bezerra da Silva a 32 anos e 8 meses de reclusão por matar, a facadas, a esposa, a advogada Maria Aparecida da Silva Bezerra, no bairro do Antares, em julho de 2022. O julgamento começou na manhã desta terça-feira (6), no Fórum do Barro Duro, em Maceió, e terminou por volta das 18h30 do mesmo dia.

O Conselho de Sentença reconheceu motivo torpe, homicídio qualificado e feminicídio. Entendeu ainda que o crime foi premeditado. Ele pagará a pena, inicialmente, em regime fechado.

Depoimentos arrolados pela acusação demonstraram que Maria Aparecida vivia submetida a um relacionamento abusivo, marcado por violência física e ciúmes excessivo por parte do marido.

Além das agressões, familiares relataram que ela era monitorada por câmeras instaladas pelo marido dentro da própria casa. No dia do crime, porém, ele deixou todas as câmeras ligadas, menos a da cozinha, onde cometeu o crime.

A irmã da vítima, Cleonice das Dores Silva, prestou depoimento como declarante e disse que ninguém da família frequentava a casa dela porque ele impedia.

“Desde o início, ele era violento e ela chegou a ligar pra mim pedindo oração porque estava vivendo um processo conturbado. Os filhos dela eram, inclusive, proibidos de ficar perto da família. Ele chegou a colocar câmeras até no escritório dela para ouvir as conversas de Aparecida com os clientes”, afirmou a irmã durante depoimento diante dos jurados.

Cleonice contou que, três dias antes de ser assassinada, Aparecida fugiu e conseguiu ir a sua casa, com os olhos inchados, mas ao ser questionada, silenciou. Disse também que a sobrinha, filha da vítima, dizia à mãe que o relacionamento era tóxico, que ele pegava a faca várias vezes e, numa das vezes, o menino de 12 anos correu e se abraçou com a irmã pedindo para orarem juntos porque o pai estava com a faca e ia matar a mãe deles.

Segundo os familiares, Maria Aparecida e Alisson Bezerra conviveram por 17 anos, mas tinham se casado oficialmente em 2015. Fruto da relação dos dois, a filha Anna Beatriz, que agora tem 15 anos, também depôs para o júri e afirmou categoricamente que a mãe era agredida constantemente, e que ela e o irmão viviam em medo permanente dentro de casa.

“Apesar de nova, quando presenciava as agressões, conversava com minha mãe e dizia: ‘Mãe, por que a senhora não separa? Eu nunca vou querer um relacionamento desse na minha vida'”, disse, afirmando que a mãe “andava pisando em ovos” por medo de falar ou fazer algo que ele entendesse como errado “para apanhar”.

A menina também disse no julgamento que ela mesma foi agredida pelo pai por escrever o nome dela no carro dele com poeira.

“Estou preparada para ir até o fim, lutando por ela (Maria Aparecida). Não vou descansar até o assassino dela ser condenado”, finalizou Ana Beatriz.

Ainda durante o júri, a defesa arrolou um psiquiatra para depor afirmando que o acusado Alisson tem problemas psiquiátricos graves. No entanto, ao entrar no salão do júri, de acordo com o Ministério Público Estadual, o réu disse nunca tê-lo visto.

A defesa ainda tentou ressaltar que ele não reconhecia o médico por causas dos problemas psiquiátricos.

Quanto a isso, a acusação afirmou que nos autos, em nenhum momento, há laudos confirmando a alegação da defesa sobre a saúde mental do réu.

Quando indagado, o médico disse que o réu chegara ao seu consultório triste e com características de que poderia estar num quadro depressivo. Em meio à discussão sobre o depoimento do profissional, ficou decidido pela dispensa do psiquiatra como testemunha.

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