Polícia identifica “cigana” como a mandante do assassinato de empresário; ela mencionou remédio em brigadeiro

Suyany Breschak, que se autointitula cigana e é conselheira espiritual da psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, namorada do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, agora é apontada pela polícia como a responsável pelo planejamento do homicídio do empresário. Desde o dia 28 de maio, ela está detida, considerada cúmplice de Júlia, que se entregou à polícia na noite passada após permanecer uma semana fugitiva.

No seu depoimento, Suyany detalhou a execução do crime, destacando que Júlia teria misturado 50 comprimidos de um potente analgésico com morfina em um brigadeirão “envenenado”.

Luiz Marcelo foi visto pela última vez carregando o prato com o doce no prédio onde residia no Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro, em 17 de maio. Três dias depois, seu corpo foi descoberto em seu apartamento, local frequentado por Júlia durante esse período.

De acordo com o delegado Marcos Buss, da 25ª DP, existem evidências de que Suyany estava a par do crime “antes, durante e após” sua realização. Ele afirmou que ela coordenou toda a ação, inclusive a administração dos analgésicos que causaram a morte do empresário.

Suyany revelou em seu depoimento que conhece Júlia há anos, realizando para ela serviços de limpeza espiritual e descarrego. Ela também mencionou uma dívida de R$ 600 mil que Júlia possuía com ela, da qual R$ 200 mil já haviam sido pagos.

O delegado indicou que Suyany era a beneficiária final de todos os itens roubados de Luiz Marcelo, incluindo um carro no valor de R$ 75 mil que Júlia entregou a ela após o crime.

“Vai comer na palma da sua mão”

Suyany é conhecida nas redes sociais por se identificar como “cigana”. Em suas contas no Instagram e no X, o antigo Twitter, ela oferece dicas sobre simpatias amorosas, compra e venda de imóveis e oportunidades profissionais, além de compartilhar crenças e promover seus serviços, que podem ser “caríssimos”, dependendo do cliente. Juntas, suas redes sociais somam mais de 400 mil seguidores.

Seu Instagram está cheio de vídeos curtos ensinando simpatias, principalmente as amorosas. Em uma postagem de 17 de janeiro, ela descreve como fazer para que o homem amado “coma na palma da sua mão feito um cordeirinho”. Ela ressalta que a simpatia deve ser feita apenas se houver reciprocidade no amor, e não por vingança.

A simpatia é “simples e fácil” de fazer, conforme ela descreve. Durante sete dias, o nome do amado deve ser escrito no espelho, e ao final, ele estará “bem mansinho só para você”.

Dívida de R$ 600 mil por trabalhos espirituais

Em depoimento à polícia, a suposta cigana afirmou ter realizado diversos trabalhos espirituais para Júlia.

Ela pedia para mim sempre banho, limpeza, descarrego para a mãe não descobrir que ela estava fazendo programa.

Os serviços acumularam uma dívida de R$ 600 mil, dos quais Júlia já quitou R$ 200 mil.

Acusada pelo ex-marido de sequestro e furto

Orlando Ianovich Neto, ex-marido de Suyany por 14 anos, compareceu voluntariamente à 25ª DP no último dia 3 para depor contra ela. Ele alegou ter sido vítima de tentativa de sequestro em 2022 e de furto em 2023 por parte de Suyany.

Orlando, que também se apresenta como cigano, é ativo nas redes sociais, oferecendo dicas de simpatia e comentando sobre subcelebridades. Ele e Suyany têm dois filhos juntos, de 8 e 4 anos.

Na delegacia, Orlando apresentou documentos que descrevem Suyany como “perigosa”, incluindo um boletim de ocorrência sobre uma tentativa de sequestro em 2022 em Uberlândia, Minas Gerais. Ele relatou que, enquanto estava em uma rodovia com uma namorada, foram abordados por homens armados em um posto de gasolina que roubaram joias e tentaram levá-los à força para uma clínica de reabilitação.

Um dos suspeitos do sequestro afirmou ter sido contratado por “uma ex-mulher” de Orlando para interná-lo, indicando que deveriam lidar com pessoas perigosas e armadas.

No ano seguinte, Orlando registrou o furto de uma caminhonete ranger modelo 2021, que Suyany teria transferido para seu nome e tentado vender.