Com medo do futuro, geração Z começa a comprar imóveis

 

Não é difícil encontrar notícias que afirmem que os jovens de hoje não desejam mais acumular patrimônio: o aluguel de imóveis parece a bola da vez. As construtoras e incorporadoras, no entanto, percebem um aumento do interesse de pessoas entre os 20 e 30 anos na compra de imóveis. A geração Z começa a se tornar proprietária

De olho nesse público, empresas do setor criam projetos para atrair os mais novos. A SKR, por exemplo, cita a incorporação de mais tecnologia na vida do condômino como um fator desejado.

A localização é o maior atrativo de um imóvel para os mais jovens: a proximidade com eixos de transporte público é indispensável para a gen Z. A construção da Linha 6-Laranja do metrô pode alimentar a tendência: apelidada de linha das universidades, a nova alternativa pode trazer mais jovens para as redondezas.

Os bairros de maior desejo na capital continuam os mesmos: Pinheiros, Jardins e Moema cativam a nova geração. No início da carreira e dos investimentos, esses endereços não cabem nos bolsos dos 20 e poucos.
Assim, João Leonardo Castro, diretor de desenvolvimento e gestão de projetos da SKR, afirma que bairros vizinhos às grandes estrelas são alvos. “Quem sonha em morar em Moema, acaba comprando no Campo Belo ou na Vila Clementino, por exemplo.”

Um dos empreendimentos da SKR que almeja atrair esse público é o Ollie 117, em Pinheiros. O edifício tem plantas diversas, chamando a atenção dos mais novos com os estúdios de 26 a 35 m². Entre as comodidades oferecidas estão o coworking, espaço fitness e terraço gourmet.

Apartamentos menores, como estúdios ou com poucos dormitórios, são os mais procurados. Segundo a Plano&Plano, a geração Z representou 23% dos clientes da construtora no ano anterior.

Sair da casa dos pais e começar uma vida a dois são os principais motivos citados por jovens para comprar seus imóveis. O impulso para preferir o financiamento ao aluguel é, sobretudo, a busca por segurança diante de temores sobre o futuro da economia. Medo do desemprego e de um possível aumento dos preços dos aluguéis fazem jovens procurarem a construção de patrimônio – e o fenômeno não se restringe à capital paulista.

“Sempre nos preocupamos com ‘e se’. E se alguma de nós não tiver emprego futuramente? E se as coisas ficarem caras a ponto de não conseguimos manter? Com algo alugado teríamos a mesma preocupação. Optamos, então, por algo nosso”, disse a designer Juliana Suzete, 24, que financia um apartamento em Santa Catarina ao lado da esposa, Adriana, 28.

Juliana e Adriana são de cidades diferentes, e na hora de juntar os armários, procuraram uma localização que estivesse perto das famílias de ambas. Entre Florianópolis e Governador Celso Ramos, estava Biguaçu.
Para elas, é apenas o começo da trajetória. “Assim que assinamos o apartamento, disse para a minha esposa que temos que pensar com ambição no crescimento. A intenção é daqui a alguns anos, quando crescermos profissionalmente, comprar outro lugar, e crescer gradativamente”. À moda da geração Z, o casal compartilha a reforma e a vida no novo lar nas redes sociais.

“Sou jovem, e conquistar algo cedo, traz uma certa segurança. Meus pais conseguiram conquistar algo próprio com o dobro da minha idade.”
Ela também pretende investir em algo de maior porte no futuro, mas enquanto isso, compartilha sua jornada no Instagram.

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