Mães de crianças atípicas relatam casos de agressões em creche de Maceió

 

“Como confiar seu filho a um lugar assim?”. O questionamento é feito por uma mãe, que terá o nome preservado, e diz respeito a um caso de agressões sofridas por sua filha em uma creche do programa Gigantinhos, da Prefeitura de Maceió.

A criança, de cinco anos, portadora do Transtorno do Espectro Autista (TEA), levou mordidas nas costas e na região do ombro e a mãe só descobriu quando chegou em casa quando tirou a roupa da filha para dar banho na menina. O caso aconteceu na última terça-feira (14).

“Conversei com a auxiliar de sala para saber a respeito do comportamento da minha filha. Queria saber como andava o desenvolvimento dela, se estava interagindo com os outros alunos, e ela prontamente falou comigo sobre. Depois, o que ela me disse foi: ‘ela está dormindo, pois passou a tarde toda acordada’. Quando cheguei em casa, para dar banho nela, ao tirar a blusa dela, me deparei com duas mordidas nas costas, na região do ombro. Quando fui falar com a diretora para saber a respeito do que havia acontecido, porque não fui sequer avisada do que aconteceu, ela me disse que não estava sabendo de nada e que no dia seguinte iria falar com a professora e a auxiliar de sala”, detalhou a mãe.

Ela não voltou à escola nesta quarta-feira (15), pois a criança adoeceu, mas disse à reportagem que não sabe o que vai fazer, pois a criança precisa estudar para ajudar no seu desenvolvimento. “Não estou em condições de trocar ela [criança da escola], então, no momento, me vejo sem saída”, lamenta.

Outro caso

Este, porém, não é o primeiro caso de agressão a crianças na unidade e que não recebeu a devida assistência por parte dos coordenadores educacionais da creche Gigantinhos, da prefeitura de Maceió, mas coordenada pelo Instituto Instituto de Gestão Educacional e Valorização do Ensino (Igeve).

Ressalta-se que esses casos de violência foram cometidos por outras crianças.

Uma outra mãe, que também terá o nome mantido em sigilo, tem a intenção de processar o município e o Igeve, após a sua filha, que tem paralisia cerebral, ter sido agredida com chutes, socos e mordidas dentro da unidade educacional. Este caso aconteceu no dia 5 deste mês.

“A estrutura da creche é muito boa. A professora é um ser humano incrível. O problema é que querem colocar cinco ou seis crianças com níveis altos de autismo junto com crianças que não tem condições. Minha filha tem paralisia cerebral diplégica espástica, então se você der um beliscão nela, ela não sabe o que você está fazendo. Ela chegou em casa com um roxo, mas foi uma semana em que nós ficamos muito doente, então eu não vi. Quando foi no outro dia a professora me ligou e disse: ‘olha, eu gosto muito de você e tenho algo pra lhe dizer, sua filha foi agredida novamente”.

A genitora diz também que, na mesma semana, presenciou uma criança agredindo sua filha e empurrá-la de forma bem agressiva. “Eu ia embora com ela, mas a professora disse, deixe que eu estou tomando de conta”.

Ela completa dizendo que entrou em contato com a ouvidoria, através de um número e de um email disponíveis no site da prefeitura, mas não obteve retorno. Em seguida, ela entrou em contato com o Igeve, mas também não teve sucesso.

“Ninguém me avisou do que aconteceu. A professora falou depois. Na verdade, a professora ‘tava’ de atestado e tinha outra professora na sala quando aconteceu essa situação. Mas não fui avisada”.

A mãe tem a intenção de judicializar o caso. “Minha filha é não verbal. Conversei com pessoas próximas do meio jurídico e é muito sério, uma criança não verbal em um ambiente desses, acontecer esse tipo de coisa é inadmissível, a gente, como mãe atípica, a gente grita, mas parece que ninguém escuta. Então se for pra ser escutado da forma mais difícil vai ser escutado, alguém vai ter que escutar”, protesta.

Ela alega que os casos acontecem porque as salas de aula não possuem cuidadores para ficar com as crianças. “As outras crianças deixaram de ir às aulas porque não tem cuidadores”.

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