Entenda a estratégia de priorizar crianças e adolescentes na vacinação contra dengue
Por Alessandra Conceição
O anúncio do Ministério da Saúde de dar preferência à vacinação contra dengue para crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos foi bem recebido por especialistas. A falta de doses suficientes para adultos e a não aprovação da Anvisa para idosos levaram à decisão de iniciar a imunização por essa faixa etária.
A decisão segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), cujo grupo de assessoramento (Sage) aconselhou, em setembro de 2023, a introdução da vacina Qdenga, produzida pela Takeda, para o público de 6 a 16 anos. A eficácia da vacina foi avaliada em uma pesquisa com 20.099 crianças e adolescentes em vários países.
Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP, justifica a escolha da faixa etária com base na epidemiologia de hospitalizações, que, no Brasil, concentra-se na faixa pediátrica. Além disso, estudos mostram que boa parte dos moradores já teve contato com o vírus da dengue aos 10 anos, justificando a inclusão dessa faixa na vacinação.
Apesar da capacidade da Takeda para entregar 5 milhões de doses até novembro, a regionalização da vacinação se torna necessária. A decisão de áreas prioritárias será definida em conjunto por União, estados e municípios.
A estratégia também oferece a oportunidade de melhorar as taxas de vacinação contra o HPV, já que a vacinação contra a dengue será iniciada na mesma faixa etária. Especialistas sugerem imunizar aqueles entre 9 e 14 anos, faixa já contemplada no calendário de vacinação, evitando a necessidade de visitas adicionais aos postos de saúde.