A evolução do termo “Pardo” e seu impacto no debate racial no Brasil

Por Alessandra Conceição

O Censo de 2022 revelou que 45,3% dos brasileiros se identificam como pardos, tornando essa a maior categoria racial do país pela primeira vez na história. Contudo, o significado desse termo tem passado por transformações ao longo do tempo, influenciando o debate racial no Brasil.

Desde a fundação do IBGE em 1936, o conceito de “pardo” passou por diversas mudanças. Inicialmente, na década de 1940, era uma categoria residual, englobando qualquer resposta que não fosse branca, preta ou amarela. Essa abrangência, no entanto, levava muitas pessoas a evitar a identificação como “pardo” devido a associações históricas prejudiciais.

A incorporação oficial do termo como categoria no Censo de 1950 não veio acompanhada de uma definição clara. Nas décadas seguintes, houve variações nas perguntas sobre cor ou raça, incluindo a criação de categorias curiosas e até mesmo a omissão de questões raciais durante a ditadura militar nos anos 1970.

Somente em 1950, o termo “pardo” foi oficialmente definido como uma categoria racial, mas sem uma explicação clara do seu significado. A falta de definição precisa persistiu por anos, até que, em 1980, o método de pesquisa do IBGE foi alterado para um questionário por amostra, perdendo a capacidade preditiva sobre as questões étnicas do país.

Com o retorno ao questionário base em 2010 e novamente em 2022, os dados se tornaram mais precisos. Neste último censo, os pardos ultrapassaram os brancos em número, evidenciando uma mudança significativa na demografia racial brasileira.

Contudo, o termo “pardo” ainda é objeto de debates e discussões sobre sua definição. Para o próximo Censo em 2030, diferentes correntes, como o movimento indígena nos centros urbanos, o movimento pardo-mestiço, o movimento negro e o movimento de parditude, disputam a definição mais adequada para essa categoria.

Independentemente da escolha do IBGE em 2030, a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais acredita que cada pesquisa futura proporcionará um retrato mais fiel da diversidade da população brasileira.

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