Depoimento de João de Deus tem teclado quebrado, gritos, fio queimado e ferido

FOTO: MARCELO CAMARGO

Na noite desde domingo (16), João de Deus prestou depoimento em delegacia de Goiânia por conta das denúncias de abuso sexual cometidos durante atos religiosos. Alguns acontecimentos um tanto quanto estranhos e inusitados marcaram o depoimento. Segundo a Folha de São Paulo, os ali presentes disseram que o computador usado para registrar suas explicações parecia ter vida própria.

“Você apertava uma tecla e ela OOOOOOOOO…”, descreveu a delegada Karla Fernandes, coordenadora da força-tarefa imbuída do caso na Polícia Civil.Como estava bastante calor, resolveram usar uma extensão para ligar o ar-condicionado. Segundo a investigadora, o fio explodiu e queimou o frigobar. “Todo mundo gritou dentro da sala”, conta ela.

A oitiva estava marcada para ocorrer em Anápolis, cidade vizinha à capital goiana, mas um imprevisto tirou o escrivão de circulação. Ele foi atropelado na BR-060, a caminho da delegacia, e quebrou o braço.

Sendo assim, o depoimento foi transferido para Goiânia. Assim, o interrogatório durou por mais de duas horas. Para Fernandes, os episódios podem não ser só obra do acaso. “Estamos diante de uma situação que envolve crenças e energias.”

Questionada se está com medo, ela reage: “Não, mas tenho respeito, até porque sou espiritualista”. Ela classifica João de Deus como um homem que tem, de fato, “um poder”. “Mas houve um desvio no meio do caminho”, comenta.

No depoimento o médium negou todas as acusações de abusos sexuais dos quais é acusado e sua defesa tentou desqualificar as denunciantes. “Ele não admite [envolvimento]. Apresenta suas versões e cabe à polícia provar”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, que acompanhou a oitiva. O suspeito disse que a regra era recebê-las coletivamente, e não em recintos individuais, como consta dos relatos de supostas vítimas.

Entenda o Caso

Após negociações entre o advogado de João de Deus, Alberto Toron e o delegado geral da Polícia Civil, o médium se entregou e foi preso neste domingo (16). O encontro aconteceu na encruzilhada de uma estrada de terra no município de Abadiânia, às margens da BR-060.

João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus, é suspeito de abusar sexualmente de centenas de mulheres durante atendimentos espirituais que realizava em seu local de atendimento, na cidade de Abadiânia.

As acusações vieram à tona após o programa do Bial na Rede Globo ter entrevistado algumas mulheres que relataram os atos libidinosos do líder religioso. Até o momento mais de 300 mulheres já procuraram o MP-GO com acusações de abuso sexual praticados pelo médium.

Uma petição foi protocolada com pedido de prisão do médium na última quarta-feira (12), pelos promotores Luciano Miranda Meireles e Patrícia Ottoni Pereira que fazem parte da força-tarefa que o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) intensificou para apurar todas as denúncias de abuso sexual do João de Deus. No último dia 14 (sexta-feira) a Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva do médium.

O médium era considerado foragido pela força-tarefa que investiga o caso desde as 14h de sábado (15) e estava em local desconhecido desde que o pedido de prisão temporária, feito pelo Ministério Público de Goiás, foi aceito pela Justiça na sexta (14).Seu nome foi encaminhado para a lista de procurados da Interpol.

Segundo investigadores, o médium João de Deus realizou a retirada de cerca de R$ 35 milhões de reais de suas contas bancárias desde as primeiras denúncias de abuso sexual que foram mostradas na TV.Na noite desde domingo (16), João de Deus prestou depoimento em delegacia de Goiânia por conta das denúncias de abuso sexual cometidos durante atos religiosos.

*Com assessoria

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