Da epidemia mundial ao tratamento gratuito no Brasil

A situação nem sempre foi essa. Nos primeiros anos após a descoberta da doença e do HIV, portadores do vírus sofreram com muito preconceito e estigma, além do medo. Afinal, antes de existirem medicamentos adequados para combater a infecção, a Aids deixava o paciente vulnerável a todo tipo de males, comuns ou raros, que reduziam a expectativa de vida.

É por isso que, durante alguns anos, a Aids foi vista como uma sentença de morte. Mas esse tempo já passou e o Brasil reduz, a cada ano, o número de mortes, infecções e transmissões do HIV. Hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece meios de prevenção, tratamento, medicamentos e orientação gratuitas para a população. Mas muita coisa aconteceu antes que os brasileiros pudessem contar com todas essas conquistas.

Surgimento, primeiros casos e epidemia

Os estudos mais atualizados sobre Aids indicam que o vírus causador, o HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana) surgiu a partir de uma mutação do SIV (vírus da imunodeficiência símia), que atingia chimpanzés. Acredita-se que a transmissão ocorreu quando seres humanos caçavam esses animais para se alimentar da carne no continente africano, ao longo do século 19.

Os primeiros casos da doença surgiram no fim dos anos 1970, nos Estados Unidos. No Brasil, a primeira notificação foi em São Paulo, em 1980. No fim daquela década, a Aids já era considerada epidemia mundial. De acordo com Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado na terça-feira (27), de 1980 a junho de 2018, foram identificados 926,752 mil casos de Aids no Brasil, com estimativa de 40 mil novos casos por ano.

Aids: o que é, sintomas e transmissão

A Aids é causada pelo vírus HIV, que prejudica o sistema imunológico, isto é, as células que protegem  o organismo de doenças causadas por outros vírus, bactérias e parasitas, além de células que causam câncer. Isso faz com que o corpo humano fique mais vulnerável a tipos raros de cânceres e doenças como pneumocistose, a toxoplasmose, a criptococose e a citomegalovirose.

A transmissão só acontece no contato com fluidos como sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno, nos quais o vírus aparece em quantidade suficiente para ser transmitido. Esse contato pode ocorrer durante a relação sexual desprotegida, compartilhamento de seringas, agulhas e objetos cortantes, na transfusão de sangue contaminado, no momento do parto e pela amamentação.

Pessoas infectadas pelo vírus HIV podem permanecer por mais de dez anos sem desenvolver os sintomas de Aids. Isso tudo depende tanto do vírus quanto do organismo infectado. Porém, o diagnóstico e o tratamento precoces são importantes para garantir qualidade e maior expectativa de vida para o portador, além de controlar da transmissão para outras pessoas. Por isso, é importante adotar práticas seguras em todas as relações sexuais, com o uso do preservativo. Em casos de relações sexuais desprotegidas, é essencial fazer o teste.

Brasil na luta contra a Aids

Apesar das muitas notificações nos últimos 30 anos, os números são otimistas e mostram uma tendência de diminuição dos casos: em 2012, a taxa de detecção de doença era de 21,7 casos para cada 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3, queda de 15,7%. Na comparação com 2014, a redução foi de 12%, saiu de 20,8 para 18,3 casos por 100 mil habitantes.

A taxa de mortalidade pela doença também caiu: de 5,7 por 100 mil habitantes em 2014 para 4,8, em 2017. Bebês recém-nascidos estão mais protegidos: a transmissão vertical (da mulher grávida infectada para a criança) caiu 43% entre 2007 e 2017, de 3,5 casos para 2 por cada 100 mil habitantes.

O Brasil realiza um trabalho intenso contra Aids, que começa na prevenção – com a distribuição gratuita de milhões de camisinhas a cada ano e medicamentos de profilaxia – até o tratamento com remédios distribuídos pelo SUS para todas as pessoas com HIV.

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