MPF diz que cela de Lula virou comitê de campanha
O Ministério Público Federal levantou junto à Justiça uma série de dúvidas acerca de visitas religiosas e de advogados que Lula vem recebendo na prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde está desde abril.
Para o MPF, o fato de vários políticos receberem procuração do petista para defendê-lo, tendo livre acesso a ele, pode ser tentativa de ludibriar regras e permitir que Lula interfira no processo eleitoral.
O MPF lembra que Lula só está na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba por ser ex-presidente.
“Não fosse por tal circunstância, Luiz Inácio Lula da Silva já deveria estar recolhido a ambiente prisional comum, junto com os demais detentos, que também violaram a lei penal”, afirmam os procuradores em documento enviado à juíza Caroline Lebbo.
Os procuradores citam o ex-prefeito Fernando Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como exemplos de advogados que estariam, na verdade, atuando politicamente nas visitas. Eles pedem que a polícia esclareça o caso.
O procurador Deltan Dallagnol diz que “parece haver uma aparente tentativa de ludibriar as regras fixadas para visitação do encarcerado, possibilitando assim a visita em qualquer dia, desde que o visitante seja advogado”.
Ao falar de Gleisi, Dallagnol lembra que a senadora inicialmente havia se habilitado para fazer “visitas como amiga do presidente”, passando a “visitá-lo com frequência inusual para quem não exerce efetivamente a defesa em autos judiciais”.
O procurador afirma que as condutas de Lula “tangenciam a prática de falta disciplinar” e, “em condições outras, poderiam redundar em imposição de sanção disciplinar”.