– Sem falar que os lugares aqui são maravilhosos. Você vai para a Praia do Francês, para a Praia do Saco, Pajuçara, faz passeios de barco maravilhosos… E você sai daqui e vai para o rio. Quando você vai no cânion lá do São Francisco, endoidece. Eu acho que os cânions [do São Francisco] têm que estar entre as coisas mais bonitas do mundo. Aquele contraste do rio com os paredões de arenito é um negócio de maluco.
Curiosamente, a história do carioca Luxa com Alagoas teve uma passagem complicada. Coisas do futebol. Em 2002, o Palmeiras, treinado por ele, foi eliminado da Copa do Brasil justamente pelo ASA. E essa história ainda mexe com o treinador.
– Aquilo ficou marcado na minha carreira porque é aquele jogo em que a bola não entra nem a pau. Nós viemos jogar aqui à noite, refletores bem fracos, um campo com uma condição não muito boa de jogo de futebol, mas era o que o tinha e o que o ASA oferecia. Não houve reclamação nenhuma. No jogo de volta, não conseguimos reverter a situação de jeito nenhum. Ficamos em cima, em cima, em cima, e o gol não saiu. Faz parte do jogo de futebol e até hoje o pessoal me zoa bastante.
Luxemburgo comprou um terreno num condomínio de Arapiraca, tem negócios na cidade e disse que os amigos ainda brincam com a eliminação do Palmeiras.
– Numa certa ocasião, fui a Arapiraca, a convite de um amigo nosso que é advogado, e, quando estávamos tomando um uísque, batendo um papo, ele me entregou a um cara que narrou o gol. Eu disse: “Ah, você tá de sacanagem” (risos).
O tempo passou, as diferenças com o ASA acabaram e ele fez uma grande amizade com Rogério Siqueira, ex-diretor de futebol do clube. Depois, eles se tornaram sócios para comprar a cachaçaria.
– Eu gosto de apreciar uma cachaça, já provei algumas cachaças boas em Minas, mas, certa vez, ao chegar aqui, me apresentaram a cachaça Brejo dos Bois, que é uma cachaça top de linha, feita com o melado da cana de açúcar, não é feita com o mel. E ela é servida gelada, é sensacional, é como se fosse um licor. É uma cachaça premiada mundialmente, que já ficou em segundo lugar num concurso em Bruxelas, com mais de 200 cachaças concorrendo. Daí, eu conversando com o proprietário da cachaçaria, achamos que ela era muito artesanal, ele não queria produzir industrializar e eu disse: “Mas como assim? Essa cachaça tem que ser mais comercializada, rodar mais ela para o mercado”…
Vanderlei disse que equipou a fábrica e agora pretende exportar a cachaça.
– Então, eu falei com o Rogério Siqueira: “Vamos comprar essa cachaça? E ele disse, vamos. Então compramos ela, vamos mantê-la com a origem orgânica, investimos na fábrica para produzir e abastecer o Brasil, e até mesmo exportar. Onde você oferece, todo mundo gosta e estou super satisfeito de investir. A cachaçaria está passando por esse processo de modernização e volta ao mercado em meados de outubro.
Luxemburgo, com o prestígio que tem, pode até ajudar o clube alagoano, que caiu para a Série D e passa por um momento difícil em sua história. Ele deu palpites até sobre a reforma no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca. Mas deixou claro que não tem nenhum projeto profissional para o ASA. Uma consultoria, vá lá.
– Eu conheci o prefeito, ele me fez um convite para ir na prefeitura e, quando cheguei lá, já estava uma recepção. Daí ele me fez uma demonstração das obras que pretendia fazer no estádio e me perguntou se eu, com o meu conhecimento no futebol, poderia ajudar na qualidade do estádio para torná-lo com uma pressão positiva, com o calor humano. Eu dei algumas sugestões pra ele e falei que estou à disposição para ajudar a crescer o ASA. Quem estiver dirigindo o ASA, faça um projeto de futebol com início, meio e fim, planejando o ponto de partida e onde estará a tantos anos. Eu não quero executar, eles que executem. Não tem nenhuma ligação profissional, é tudo voluntário, como um cara para ajudar, sem vínculo e sem remuneração.
Luxemburgo também falou que o futebol alagoano precisa de uma gestão profissional. Assim, os clubes podem se desenvolver, pensar em saltos maiores.
– Eu disse lá aos caras numa entrevista: “Vocês querem que o ASA dê certo? Coloquem profissionais, tracem suas metas e vão em busca. E deem a condição para o profissional. O voluntário, ele não sabe de futebol, sabe das suas empresas. Agora muitos vêm pra cá e lidam com a emoção, não pode”.