Campanha quer elevar número de crianças alimentadas com leite materno em Alagoas

Apenas 38% das crianças no mundo se alimentaram de leite materno, diz OMS FOTO: EDITE VIEIRA

Responsável por suprir os primeiros seis meses de vida de um ser humano, o leite materno é rico em nutrientes e proteínas, além de combater diversas doenças e até a mortalidade infantil. No entanto, apesar dos benefícios, não são todas as crianças que recebem a amamentação exclusiva. É o que afirma o Ministério da Saúde (MS), que nesse mês de agosto lançou mais uma campanha de aleitamento materno.

Com o slogan “Amamentação é a Base da Vida”, a campanha, em alusão à Semana Mundial da Amamentação (1° a 7 de agosto), reforça a importância do leite materno para o desenvolvimento das crianças com até dois anos de idade e exclusivo até os seis meses de vida, orientação preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entretanto, dados publicados pela entidade mostraram que apenas 38% das crianças no mundo se alimentaram exclusivamente de leite materno nos seis primeiros meses de vida. A intenção é que até 2025 esse número chegue a, pelo menos, 50%.

De acordo com a nutricionista materno-infantil, Janine Aragão, é preciso incentivar o ato da amamentação. “O leite materno é o alimento mais completo que existe. Ele é composto por nutrientes essenciais para a saúde do bebê, além de colaborar com a formação do sistema imunológico. A criança vai receber a proteção variável contra doenças infecciosas e um vínculo de amor também será estabelecido entre a mãe e o seu filho”, afirmou.

Ainda segundo a nutricionista, outros benefícios são atribuídos à criança que recebe o alimento. “Quem amamenta está ajudando no desenvolvimento da arcada dentária de seus filhos, na reparação do intestino e na prevenção de anemia que, em recém-nascidos, a falta de ferro é o principal fator do aparecimento da doença”, assegurou.

Sobre a saúde da mãe, estudos publicados apontam que a amamentação reduz os riscos da mulher desenvolver, no futuro, câncer de mama e ovário, além de ajudar na perda de peso e acelerar a recuperação após o parto. Isso porque o hormônio ocitocina, que o corpo feminino produz durante a amamentação, faz com que o útero volte ao seu tamanho normal mais rapidamente.

Em contrapartida, há mulheres que não conseguem amamentar os seus filhos. De acordo com Janine Aragão, a principal dificuldade se deve ao mamilo invertido, em que a criança tem dificuldade de sugar o leite de forma correta.

“A mãe que apresenta mamilos planos ou invertidos deve tomar as seguintes medidas para conseguir amamentar com sucesso: ordenhar seu leite enquanto o bebê não sugar efetivamente, para manter a produção do líquido, deixar as mamas macias, para facilitar a pega, estimular manualmente o mamilo e excepcionalmente lançar mão dos intermediários de silicone, quando todas as tentativas de fazer a criança sugar na mama se mostrarem ineficientes”, pontuou.

Ela também ressalta que a mastite, infecção dolorosa do tecido mamário, impede que o aleitamento materno seja feito de forma prazerosa. E, por isso, alerta: “As mães que possuem dificuldades de amamentar devem buscar uma rede de apoio que entenda o processo do aleitamento materno e esteja disposta a ajudá-las. Elas também devem pedir auxílio ao profissional de saúde capacitado que possa orientá-la quanto ao tratamento”.

“SEMPRE QUIS AMAMENTAR”

À Gazetaweb, Drielle contou que sempre quis amamentar a pequena Luísa FOTO: CORTESIA À GAZETAWEB

A estudante Drielle Araújo, de 21 anos, é mãe da pequena Ana Luísa, de 1 ano e um mês. Em entrevista à Gazetaweb, ela contou que, apesar das dificuldades nos primeiros dias de amamentação, nunca exitou em procurar outro meio que suprisse o leite materno.

“Sempre quis amamentar. No começo, Luísa custou para pegar a mama, mas logo se familiarizou e os seus primeiros meses foi à base do leite materno”, lembrou.

Ainda segundo Drielle Araújo, a pequena Luísa mama até os dias de hoje, mas em uma quantidade reduzida. “Por ela ter uma idade que já pode ingerir alimentos, costumo, além do leite, alimentá-la com frutas, papinhas e sucos. Hoje, ela já almoça e janta e, por isso, o número de mamadas diminuiu bastante. Ela só me procura umas três vezes ao longo do dia”, disse.

Sobre a substituição do leite materno por comidas, Janine Aragão ressalta: “Com a evolução da criança, o aleitamento passa a se encaixar na nova rotina de alimentação dela. Assim, os alimentos sólidos ganham vez e são bastantes explorados. Contudo, é importante manter a alimentação com o líquido após os seis primeiros meses de vida, pois o leite é a principal fonte energética de um ser humano”.

Ciente dos benefícios que a amamentação traz para a saúde de uma criança, Drielle Araújo contou que pretende estender o leite materno na vida de sua filha por mais alguns meses.

“Apesar de me privar de muitas coisas, pretendo amamentar a Luísa até os seus dois anos de idade. Nunca recebi orientações médicas, mas sei a importância e os benefícios do alimento. Todas as mães devem amamentar, pois é através da amamentação que os nossos filhos estão, na maioria das vezes, 90% imunes de doenças”, analisou.

BAIXO ESTOQUE DE LEITE EM MACEIÓ

Baixa doação de leite materno preocupa a maternidade Santa Mônica FOTO: EDITE VIEIRA

A doação de leite materno pode salvar bebês internados em centros de tratamento intensivo neonatal. Mas, a falta de doadoras tem preocupado os responsáveis por bancos de leite em Maceió.Procurada pela Gazetaweb, a assessoria da maternidade Santa Mônica, que é referência no atendimento a gestantes de alto risco no estado, informou que o ideal seriam seis litros de leite por dia para os bebês internados. Mas, o estoque não passa dos dois litros diários. Mesmo com a possibilidade do leite ser recolhido na casa das doadoras, o número é muito abaixo do esperado.

A coordenadora do banco da maternidade, Andréa Pinheiro, contou que muitos recém-nascidos internados na Santa Mônica só têm acesso ao leite materno através do banco. “Ele é importante para todos os bebês, mas para o prematuro é fundamental”, alertou.

Andréa também informou que o hospital recebe doações de mulheres que estão internadas e outras que procuram a maternidade. “Tentamos explicar que a doação do leite que está em excesso, além de salvar a vida de um bebê, ajuda a mãe, porque se ela não retirar o leite pode ter problemas e até uma infecção”, falou.

Para doar, a orientação é que sejam mulheres saudáveis e que tenham feito o pré-natal. “Se a mulher não tiver os exames, nós fazemos a solicitação e ela pode fazer no hospital”, explicou Andréa Pinheiro.

Ainda à Gazetaweb, ela destacou que o leite materno doado aos bancos de leite passa por uma preparação antes de ser oferecido ao bebê, para garantir a qualidade do alimento.

“Algumas mulheres quando estão amamentando produzem um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita que sejam doadoras. Assim, o leite recolhido é pasteurizado – processo de esterilização de alimentos – e dura aproximadamente até três meses no freezer”.

SERVIÇO

Para se tornar doadora, as mulheres com excesso de leite podem procurar a Santa Mônica, localizada na Avenida Comendador Leão, no bairro do Poço, ou ligar para o número (82) 3315.4434. Também pode doar no Hospital Universitário, na BR-104, ao lado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) ou ligar para (82) 3202-3945.

 

 

Fonte: Gazeta Web

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