A dramática luta do palmeirense, Fábio Albuquerque, portador de obesidade mórbida
Por Grazi Duarte
O palmeirense Fábio Adriano Nascimento de Albuquerque pesa 217 quilos, o equivalente ao que costumam pesar, juntos, quase três homens de sua altura (1,72 metro).
Ano passado, circulou nas redes sociais, um vídeo (CLIQUE AQUI) onde Fábio e a família, pedem ajuda ao poder público para realização da cirurgia bariátrica. O prefeito Julio Cezar, chegou a ir até a sua residência oferecer apoio e acompanhamento para que fosse realizada a cirurgia emergencial que deveria ser custeada pelo município.
Procurado pela reportagem do Estadão Alagoas, Fábio relata que apesar da promessa do Município, foi aberto um processo administrativo para que o Estado pague as despesas que custam em torno de R$ 50 mil. “Ano passado o prefeito Julio Cezar teve na minha casa, disse que pagaria a cirurgia bariátrica particular pelo município. A prefeitura de Palmeira me deu o transporte, e pagou três consultas com Dr. Adailton Pinheiro, que faria a cirurgia, com a nutricionista Pérola e com uma anestesista lá no hospital Arthur Ramos em Maceió. Já tinha pego a papelada de internamento, porém, o prefeito abriu um processo contra o Estado e eu permaneço nessa situação. Batalhando pela vida, diariamente aparecem vermelhões em minhas pernas que dificultam bastante. Estou desesperado”, desabafou Fábio.
O Estadão Alagoas entrou em contato com o advogado especialista em Direito Administrativo, Luciano Galindo, que explicou como estão ocorrendo os trâmites do caso. “Foi constatado que a defensoria requereu o pedido de bloqueio do Estado, no valor de R$ 50 mil, assim como também, pediu o bloqueio de recursos por descumprimento da prefeitura no valor de R$ 3.502.26 para a compra de medicamentos. O caso deve ser avaliado pela Justiça”, explicou.
Efeito sanfona
De acordo com Fábio, após o acompanhamento, ele conseguiu emagrecer, diminuindo 13 quilos e chegando a pesar 200kg. Um ano após a mobilização da sociedade, Fábio Albuquerque, permanece na mesma situação, pesando hoje, 217 kg, com o metabolismo desacelerado.
Seu caso de obesidade mórbida já começava a se desenhar quando ele tinha apenas 17 anos. Há 30 anos, Fábio sofre com o problema. Dez anos atrás seu peso chegava a 160 quilos.
Hoje, aos 47 anos, Fábio apesar de andar, depende da esposa para cuidar de sua higiene pessoal e se vestir. Ele tem um casal de filhos.
Vida em ‘perigo’
Fábio Albuquerque sofre com uma grave inflamação nos tecidos das pernas devido à acumulação de líquido linfático. Os quilos em excesso causam constantes feridas dermatológicas nos membros inferiores e dificuldade para andar.
Tratar deste problema não se resume apenas às questões de estética, mas de saúde pública. A doença pode ser a mola propulsora para o desenvolvimento de várias outras doenças e distúrbios de alto risco à saúde, como, por exemplo, a diabetes, a hipertensão arterial, complicações cardíacas e problemas nas articulações e, o tratamento por meio da cirurgia bariátrica é um procedimento de custo alto e nem todas as pessoas podem pagar.
O Serviço de Verificação de Óbito (SVO) informou, ontem (17), que Arthur Miguel Fontes, de apenas 2 anos de idade, morreu em decorrência de problemas cardíacos, provenientes de sobrepeso, conforme publicações em redes sociais e relato de pessoas próximas à família do menino.
Ainda de acordo com pessoas que chegaram a acompanhar o tratamento do menino, Arthur travou uma batalha, desde os primeiros dias de vida. Apesar do empenho dos pais, a criança ganhou muito peso e chegou ao ponto de ficar com 40 kg.
Fábio Albuquerque, luta constantemente pela vida.
Complicações para a saúde física e psicológica – A obesidade mórbida é uma doença grave, qualificada como uma doença crônica multifatorial, ou seja, dura por longos períodos e está relacionada a vários fatores, tais como predisposição genética, desordens glandulares ou gastrintestinais, alterações nervosas e psicológicas, erros alimentares (comer em excesso, consumo elevado de açúcares e gorduras, mastigação rápida) e falta de exercícios físicos. Em mulheres, o período pós-parto e a menopausa contribuem para a retenção de gordura no organismo e podem levar à obesidade.
Alguns obesos mórbidos estão rotineiramente sujeitos a serem portadores de hipertensão arterial, diabetes, dificuldade de mobilidade e outros problemas que afetam o psicológico, como sofrer discriminação, ter dificuldade para encontrar roupas com tamanho apropriado, dificuldades para realizar atividades básicas, como, sentar numa cadeira, passar em roletas de ônibus, amarrar os cadarços dos sapatos, fazer a própria higiene pessoal, o que causa constrangimento. Além da sensação de fadiga constante, pouca resistência física, fôlego curto e outras limitações.