França tenta se firmar como potência e Croácia busca título inédito
O último capítulo da Copa do Mundo da Rússia será escrito neste domingo, 15, às 12 horas (horário de Brasília), no imponente estádio Luzhniki, em Moscou, em trama que traz como protagonistas dois personagens cheios de história e duas escolas de estilos diferentes. De um lado, a favorita seleção da França, campeã mundial pela primeira vez em 1998 e que, desde então, tem marcado presença em decisões importantes. Ao seu lado, os franceses contam com a experiência do técnico Didier Deschamps, capitão do título de 20 anos atrás, além de uma geração jovem e talentosa, com Mbappé, Griezmanne Pogba. Do outro lado, a surpreendente a Croácia, que chega à sua primeira decisão de Mundial. Para isso, conta com o seu futebol coletivo e com suas conhecidas armas, os craques Modric, Rakitic e Mandzukic.
Em uma Copa onde a força dos conjuntos das equipes se sobressaiu aos talentos individuais, França e Croácia chegam à decisão deste domingo com justiça.
Nas estatísticas da Fifa, os croatas sofreram cinco gols contra quatro dos franceses, mas possuem o melhor sistema defensivo (entende-se por sistema defensivo a capacidade de o time desarmar o adversário): a seleção tomou a bola do rival 272 vezes. Contudo, quem lidera o número de desarmes no geral é um francês. O volante Kanté recuperou a posse de bola nada menos do que 48 vezes para a sua seleção no Mundial.
FORÇA MENTAL
A Croácia possui o “motorzinho” da competição. O meia Modric, tricampeão da Liga dos Campeões com o Real Madrid, já correu incríveis 63 quilômetros nos seis jogos do time, o que dá média de mais de 10 km por partida. Mas a França também tem o seu “fundista”. Trata-se mais uma vez de Kanté, um dos dois jogadores da equipe a jogar os seis jogos do Mundial sem ser substituído nenhuma vez (o outro é o zagueiro Raphael Varane).
Kanté correu 62,7 quilômetros, apenas 300 metros a menos do que o oponente, o que também o deixa com média acima dos 10 km a cada partida.
A seleção de Modric chega para a decisão com uma sequência de três prorrogações disputadas e vencidas – nunca uma seleção havia conseguido tal feito.
Para isso, o técnico Zlatko Dalic fez o time trabalhar em conjunto. Um exemplo foi o jogo contra a Inglaterra, onde a equipe teve um péssimo primeiro tempo e depois, na segunda etapa e na prorrogação, sobrou em campo. “Apenas pedi para os meus jogadores se divertirem. Depois do jogo, cada um tem de olhar no olho do companheiro e saber que houve entrega máxima em campo. Estou orgulhoso de todos”, disse Zlatko.
A força psicológica também é uma arma croata e isso vem de longe. O país sempre foi o que mais cedeu jogadores aos grandes times formados pela ex-Iugolávia, incluindo os craques Boban e Davor Sucker – o artilheiro da Copa do Mundo de 1998 – ele é o presidente da Federação Croata de Futebol. Com esse respaldo, a equipe entra em campo com força mental suficiente para dominar as partidas – ou então buscar energia para reverter um placar.
Para a França, ainda corre mais uma estatística, essa ligada a Didier Deschamps. Com oito vitórias em suas últimas 11 partidas à frente da seleção, o técnico tem 73% de aproveitamento, o maior índice entre todos os treinadores que trabalharam na Copa. Deschamps conhece seu elenco a fundo e é capaz de tirar o melhor de cada jogador. Além disso, o grupo já deixou claro que joga por seu treinador, admirado por sua humildade (ele é um campeão do mundo) e trabalho em equipe.
Técnico da França que conquistou a Copa de 1998, Aimé Jacquet falou ao diário francês Le Parisien sobre a personalidade do único francês que pode se tornar bicampeão do mundo, uma vez como jogador e outra como técnico. “Didier muitas vezes insiste na importância do grupo. Ele entendeu que sozinhos, nesse ambiente, não vamos muito longe”, contou Jacquet. “Se na sua mensagem você não tocar no coletivo, você perdeu. Não devemos nos esquecer que ele sempre foi capitão por onde passou em sua carreira como jogador. Ele era respeitado por todos porque respeitava todos. Ele ouvia os seus companheiros antes de falar e sempre foi melhor do que qualquer um para fazer isso.”
Caso conquiste o título, a França entrará para o seleto grupo dos bicampeões mundiais, que conta com Uruguai e Argentina (última seleção a atingir dois títulos ao vencer a Copa de 1986, no México).
Não faz tanto tempo assim que o Mundial teve um campeão inédito. Em 2010, a Espanha levou o seu primeiro título ao bater a Holanda. Se vencer, a Croácia entra para esse grupo. França, Espanha e Inglaterra têm uma conquista cada.
FESTA
Trinta minutos antes do apito inicial, a cerimônia de encerramento terá o ator Will Smith, que cantará ao lado do cantor latino Nicky Jam e da e da cantora albanesa Era Istrefi a música Live it Up, considerada o tema do Mundial. Na plateia, o Kremlin confirmou a presença dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da França, Emmanuel Macron, e da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic.
Estadão