Mortandade de peixes na Barra de Santo Antônio preocupa pescadores

Centenas de peixes foram encontrados mortos em um trecho do Rio Jirituba e próximo à praia no município da Barra de Santo Antônio, no litoral Norte do estado. Pescadores da região informaram que a mortandade foi percebida há três dias e o número de animais mortos só vem aumentando desde então.

Eles atribuem o fato à poluição e, principalmente, aos dejetos, que segundo eles, são despejados no rio por uma usina de cana-de-açúcar da região.

“Dá pra encher carros de mão de tanto peixe. Estão todos podres, não dá pra aproveitar nada. É uma tristeza, principalmente para mim que vivo da pesca. Essa situação não é nova. Toda época de moagem da cana é isso. Só este ano já aconteceu duas vezes”, contou o pescador, que preferiu ser identificado apenas como “Zé”.

Zé conta que mortandade de peixes já aconteceu duas vezes este ano FOTO: DÁRCIO MONTEIRO

 

Outro pescador que trabalha na região lamentou a situação. “Como vou pescar com uma água dessas? Pesco cerca de quarenta quilos de tainha todos os dias e hoje não vou conseguir pegar nada”, lamentou João Silva, que tem 40 anos e há mais de 25 pesca na região. “Fico machucado ao ver isso, mas usina é usina né, e a gente não pode fazer nada”, avaliou.

De acordo com os pescadores, pelo menos 1.000 pessoas sobrevivem da atividade na região e temem que peixes como a carapeba, o camurim e a tainha – geralmente encontrados no local – comecem a desaparecer devido ao problema.

Segundo Bernardo Lima, da Colônia de Pescadores Salustiano Lessa, a situação se repete todos os anos e nenhum órgão de fiscalização ambiental adota uma providência para tentar evitar o problema. Ele conta que já são mais de 1.000 kg de peixe perdidos nos últimos dias e diz que as pessoas que vivem exclusivamente da pesca no rio precisam procurar outra atividade até que tudo seja resolvido, o que não há previsão para acontecer.

Peixes não estão conseguindo sobreviver nas águas do Rio Jirituba FOTO: DÁRCIO MONTEIRO

“Não temos como precisar o que pode ser a causa do problema. Eu já cheguei a pegar amostra de peixe e também da água, mas nenhum órgão veio buscar para fazer uma análise. É uma situação que pode durar várias semanas e que nunca resulta em punição para ninguém”, afirma.

Por meio da assessoria de comunicação, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) informou que, até esta segunda-feira, não havia recebido nenhuma denúncia a esse respeito e que, a partir do momento em que foi procurado pela imprensa, equipes de fiscalização e de laboratório foram acionadas e devem se deslocar à Barra de Santo Antônio o mais breve possível para verificar a situação in loco, onde amostras da água do rio devem ser colhidas para análise.

Secretário Ronaldo explica que o município não tem competência para explicar causas da morte FOTO: DÁRCIO MONTEIRO

O secretário do Turismo, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico da Barra de Santo Antônio, Ronaldo Lessa Campos, confirmou que a mortandade dos peixes é uma realidade, destacando que não cabe ao município achar culpados para o problema.

“A mortandade é uma realidade, mas nós não podemos provar que a culpa é de A ou de B porque não temos a análise da água, o que cabe ao IMA fazer. Eles é que têm todos os equipamentos necessários para isso”, destacou.

O assessor jurídico da pasta, Marcelo Ribeiro, disse que o município não pode tirar conclusões a partir de ilações. Ele ressalta, no entanto, que não há nenhum lançamento de efluente por parte da usina nas águas do rio, tendo em vista que a usina está parada há três meses. O que pode ter ocasionado o problema, segundo ele, é o grande volume de chuvas que caíram nos últimos dias e pode ter provocado uma desequilíbrio ambiental, além da grande carga de esgoto que é despejada no leito do rio pelos municípios do entorno.

Fonte: Gazeta Web 

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