Impeachment de Collor nasceu em prédio que desabou em São Paulo

O edifício Wilton Paes de Almeida, localizado na rua Antônio Godoy, 23, no centro de São Paulo, abrigou a superintendência regional da Polícia Federal (SP) no Estado de 1980 a 2003.

O prédio desabou na madrugada desta terça-feira, 1º, após ser consumido por um incêndio de grandes proporções que causou a morte de pelo menos uma pessoa, segundo o corpo de bombeiros.

Casos policiais de grande repercussão passaram pelos 24 andares do edifício, que também chegou a abrigar o Instituto Nacional de Previdência Social (INSS) nas décadas de 1980 e 1990.

Foi no Wilton Paes que o então delegado da PF Paulo Lacerda tomou o depoimento do empresário Pedro Collor de Mello, em 1992, após o irmão do então presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) – hoje alvo da Lava-Jato – ter revelado o esquema de corrupção operado por seu ex-tesoureiro de campanha de Collor, Paulo Cesar Farias, o PC Farias.

Na antiga sede paulista da PF também foram tomados os depoimentos de personagens ilustres nas páginas policiais, além do próprio PC Farias.  Foi lá que o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto prestou depoimento depois de se entregar, em 2000, após uma intensa negociação da PF com seu então advogado Alberto Toron.

Nicolau, que ficou conhecido como “o juiz Lalau”, foi o pivô de um escândalo de desvio de mais de R$ 1,2 bilhão, em valores atualizados, da construção do fórum trabalhista Ruy Barbosa, na Barra Funda, segundo a acusação do Ministério Público Federal (MPF).

Também frequentaram o antigo prédio da PF na condição de investigados, na década de 1990, o senador cassado Luís Estevão, então sócio do Grupo OK, e o empresário dono da construtora Incal Fábio Monteiro de Barros — ambos foram personagens centrais do esquema de corrupção na construção do fórum trabalhista, de acordo com o MPF.

Outro a prestar depoimento à PF nos gabinetes do Wilton Paes foi o ex-secretário-geral da Presidência no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, Eduardo Jorge Caldas Pereira, que ocupou o cargo de 1995 a 1998. Ele foi investigado por suspeita de tráfico de influência.

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