Na despedida de Julio Cesar, Flamengo derrota o América-MG por 2 a 0 no Maracanã

Julio Cesar festeja na sua despedida Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

É sempre uma cena melancólica. Enquanto os jogadores de linha se abraçam, reservas e comissão técnica festejam, e desconhecidos na arquibancada vibram juntos como se fossem irmãos, o goleiro geralmente comemora sozinho o gol de sua equipe. Foi nessa solidão tão comum na carreira que Julio Cesar celebrou ontem sua última vez como jogador-torcedor do Flamengo.

O sorriso largo do goleiro, os braços abertos, a corrida sem direção, tudo isso se repetiu depois dos dois gols de Henrique Dourado na vitória sobre o América-MG, por 2 a 0, em um Maracanã ocupado por 54 mil torcedores, ali para se despedir do jogador, um dos melhores da história rubro-negra na posição.

– Eu chorei bastante durante a semana com as homenagens, com a família, com parentes, os amigos…Realmente foi uma semana com um turbilhão de emoções. Hoje, eu tinha me preparado bem para essa despedida. Além da minha despedida, essa vitória valeu os três pontos importantes. E até traz tranquilidade para trabalhar. Esse grupo merece, é muito bom e vão fazer um grande trabalho esse ano – disse na despedida.

Antes da partida começar, o goleiro pegou o microfone no centro do gramado para a última preleção da carreira, tão acostumado a fazê-las no vestiário, dessa vez diante do estádio lotado.

Quando a bola rolou, fez quatro defesas importantes, sem deixar de mostrar os efeitos do tempo. Aquelas elasticidade e explosão que o tornaram referência já não estão mais lá. No primeiro tempo, caiu de mal jeito e precisou ser atendido na mão direita. No segundo tempo, aos 38 minutos, sentiu caibras, recebeu alongamento do companheiro de time e sorriu, como se dissesse: é, chegou mesmo minha hora.

Aos 38 anos, sabe que ela chega para todo mundo. Assim que a partida acabou, ouviu a torcida pedir para que ficasse e recebeu o abraço emocionado do zagueiro Juan, seu amigo há duas décadas, da base do Flamengo à seleção brasileira.

– Juan é meu irmão no futebol, é um cara muito introvertido, sorri pouco, é a primeira vez que o vejo emocionado. Eu sou um cara que coleciono momentos. Pode ter certeza que este está marcado para o resto da minha vida – afirmou Julio César, para depois se emocionar com a reação do zagueiro:

– É difícil, começamos juntos… (Juan e Julio César choram juntos). Vivemos o mesmo sonho. Ele merece tudo isso. É uma pessoa sensacional, um goleiro fora de série.

Para Julio Cesar, acabou. Ficou para trás a vida de goleiro. É hora de seguir como o torcedor rubro-negro que sempre foi.

FICHA DO JOGO

Flamengo: Julio Cesar, Rodinei, Réver, Léo Duarte e Renê; Willian Arão, Cuéllar e Lucas Paquetá (Jean Lucas); Geuvânio (Marlos), Vinícius Júnior (Jonas) e Henrique Dourado. Técnico: Maurício Barbieri.

América-MG: Jeri, Norberto, Messias, Rafael Lima e Carlinhos; Juninho, Cristian (Leandro Donizete) e Serginho; Aylon (Capichaba), Luan (Marquinhos) e Rafael Moura. Técnico: Enderson Moreira.

Gols: 1º Tempo: Henrique Dourado, aos 28minutos; e Henrique Dourado, aos 35minutos.

Cartões Amarelos: Geuvânio (Flamengo); Rafael Lima (América-MG)

Árbitro: Leandro Bizzio Marinho (SP)

Renda e público: R$ 1.641.395,00 / 47.175 pagantes e 52.106 presentes.

Fonte: EXTRA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *