Clipe com mulheres se masturbando é censurado pelo YouTube

O clipe para a música Coisa mais bonita, da cantora Flaira Ferro, foi removido do YouTube nesta quarta-feira (14/3) por “violar as políticas sobre nudez ou conteúdo sexual” da plataforma de vídeos. Lançado na última terça-feira (13/3), o vídeo dirigido por Dea Ferraz (Câmara de espelhos) mostrava oito mulheres convidadas se masturbando em frente às câmeras para defender a liberdade sexual feminina e já acumulava mais de 60 mil visualizações.

 

No Instagram, Flaira acusou a plataforma de censura e promoveu uma campanha para que o clipe volte a ficar disponível. “Tempos de censura, mores! Depois de 24 horas no ar com mais de 60 mil visualizações, nosso clipe foi removido mesmo sem conter nenhum conteúdo de nudez ou violação de direitos. Não vão nos calar! Não me vem com tarja preta! Preciso de vocês! Vamos geral botar agora a boca no trombone, na internet, nas redes de vocês, pedindo a volta do clipe! Usando as hashtags #COISAMAISBONITA e #VOLTACLIPE”, escreveu a cantora.

 

Coisa mais bonita alavancou o debate sobre a estigmatização da masturbação feminina nas redes sociais logo após o lançamento. No YouTube, a publicação recebeu uma enxurrada de elogios e algumas críticas, além de ataques misóginos. “Esse mundo lésbico é doentio mesmo…”, “Saudades quando a mulher se dava ao respeito”, “Pense num show de horrores. Está tudo muito feio” e “No Recife tem mulher bonita, mas essas do clipe estão ‘enfeiando’ o negócio” foram alguns dos comentários postados por homens.

 

Em entrevista, Flaira afirmou estar prestando atenção à discussão, embora não se importe com os comentários negativos. ”A quantidade de comentários positivos é infinitamente maior que a de comentários negativos e eu estava ciente, quando coloquei o clipe no ar, de que teria todos os tipos de reação porque é uma coisa que ainda é tabu, a sexualidade feminina. Ainda dói no âmago de muita gente essa possibilidade de emancipação da mulher”, disse ela.

 

“A ideia foi questionar a importância da autoestima da mulher, que está relacionada ao quanto ela conhece o próprio corpo, ao quanto ela aprende a se dar prazer e tem a capacidade de gozar, não só sexualmente, mas o gozo como pulsão criativa para a vida. Percebi que, dentro da cultura patriarcal em que a gente vive, a mulher aprende a direcionar os próprios desejos para satisfazer o outro”, refletiu a artista.

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