DEM lança pré-candidatura de Rodrigo Maia à Presidência da República

O Democratas (DEM) lançou nesta quinta-feira (8), durante convenção nacional do partido, a pré-candidatura do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), à Presidência da República.

Aliado histórico do PSDB, o DEM não tem um candidato próprio na corrida ao Palácio do Planalto desde as eleições de 1989, quando Aureliano Chaves concorreu pelo extinto PFL. Em 2007, a sigla mudou de nome e passou a se chamar Democratas.

Integrante da base aliada do presidente Michel Temer, o DEM tenta se distanciar do Palácio do Planalto para viabilizar o nome de Maia até junho, quando as legendas têm de realizar as convenções para oficializar os candidatos que entrarão na disputa.

“A nossa ideia é produzir a construção de um projeto para o futuro que olhe a mudança que a política precisa fazer, que a sociedade espera, a redução de gastos desnecessários, o enfrentamento claro da burocracia brasileira”, afirmou Maia ao chegar ao evento, realizado em um auditório na Câmara dos Deputados.

Ao anunciar Maia como pré-candidato, o novo presidente da sigla e prefeito de Salvador, ACM Neto, elogiou a capacidade de diálogo de Rodrigo Maia e disse que ele foi “decisivo para a manutenção da estabilidade democracia deste país”.

“Confiamos inteiramente num homem público que começou a sua vida politica nesse parlamento, cresceu nos momentos de diversidade. (…) Um homem que foi decisivo para a manutenção da estabilidade democrata deste país. Porque ele teve responsabilidade, maturidade, teve a capacidade de abrir o diálogo com todas correntes, esse partido se refunda para abrir o dialogo com o país”, discursou ACM Neto.

“Não há um quadro mais preparado para presidente o Brasil do que Rodrigo Maia”, concluiu.

Em seu discurso, Maia disse que quer “construir com o povo brasileiro um pacto para rompermos com o que há de velho e atrasado na política brasileira”.

“Assumo o desafio de fazer o Brasil crescer de forma consistente. […] Aceito, sim, o desafio de ser candidato à presidência da República. Não só do Democratas. Vamos construir alianças para ser também o candidato de partidos aliados”, afirmou o presidente da Câmara.

Após o evento, Maia disse à imprensa que sua candidatura vai “decolar” apesar de pesquisas de opinião recentes atribuírem a ele 1% das intenções de voto. Segundo afirmou, não há “plano B” no partido.

“Não tenho dúvida nenhuma de que a nossa pré-candidatura estará no segundo turno e sairemos vitoriosos”, afirmou. “Minha candidatura vai decolar”, acrescentou.

Maia ressaltou ainda não ter “problema em disputar candidatura com baixa intenção de voto”.

Questionado se o partido pretende indicar um novo nome para a pasta da Educação no lugar do ministro Mendonça Filho, que deve deixar o ministério até abril, Maia disse que o DEM não tem “nenhuma necessidade de ser governo” e que não está atrás de cargos.

Maia voltou a repetir o discurso de que poderá defender pontos do governo Temer, mas apenas aqueles com os quais concorde. “O governo quer um candidato para defender o legado. (…) Para defender o legado, eu não estou disposto”, disse.

Presença de outros partidos

Dirigentes de diferentes partidos aliados da base governista prestigiaram o lançamento. Entre os presentes estavam os presidentes do MDB (Romero Jucá), do PP (Ciro Nogueira), do PSC (Pastor Everaldo Pereira), do Solidariedade (Paulo Pereira da Silva), do Avante (Luis Tibé), do PHS (Marcelo Aro) e do PRB (Marcos Pereira).

Em um breve discurso, Jucá disse que 2018 será um ano decisivo e que os partidos de centro deveriam “estar unidos” para “buscar a melhor construção política” para o país.

“Venho com satisfação testemunhar o Democratas se fortalecendo mais ainda. […] Entendo que todos nós, partidos que comungamos de uma visão de centro, moderna, que tem que valorizar a economia, todos nós temos que estar unidos nessa transição que continua. 2018 é um período decisivo para o Brasil. (…) Quero aqui estender a mão aos Democratas. Temos que estar unidos, temos que buscar a melhor construção política”, afirmou Jucá.

Em nome do PSDB, o secretário-geral do partido, deputado Marcus Pestana (MG), mandou um “abraço de todos os tucanos” e justificou a ausência do presidente nacional, Geraldo Alckmin, que está em viagem oficial a Washington.

Já o tom de alguns foi de apoio explícito a Maia. “Temos uma esperança muito grande em você. O Brasil passa por uma das maiores crises, principalmente na questão do emprego”, declarou o presidente do Solidariedade, conhecido como Paulinho da Força.

Dos ministros do governo Temer, participaram da convenção Mendonça Filho (Educação), do DEM, e Alexandre Baldy (Podemos), um dos políticos mais próximos de Rodrigo Maia.

Deputados do MDB, PSDB, PR e PP, incluindo o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), também compareceram.

“Vemos com muita simpatia a sua candidatura à Presidência da República”, discursou o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA).

Nova cúpula

Na convenção, o prefeito de Salvador, ACM Neto, foi conduzido à presidência nacional do partido.

Ele irá substituir o senador José Agripino (RN), que ficou sete anos no comando da legenda. Em dezembro, Agripino se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.

Ao discursar, o agora ex-presidente do DEM elogiou a “capacidade de aglutinação” de Rodrigo Maia. “Ele tem a capacidade de conversar com todos. Escolhe os dele, mas conversa com todos”, afirmou Agripino.

Durante a convenção, ACM Neto leu um manifesto, intitulado “O Brasil que vai dar certo”, com as prioridades na área econômica e social para o país.

Com críticas aos governos petistas, o DEM se apresenta no documento como um partido do centro democrático. Com um discurso liberal, defende o “papel regulatório e incentivador do estado, desde que não sufoque os esforços individuais e empresariais”.

No manifesto, o partido prega a “eficiência máxima do gasto público” e afirma que “a melhor política de estado é a que cria mecanismos para emancipar a população mais carente da pobreza, e não aquela que, movida por interesses eleitorais, faz da população uma eterna refém do populismo e do personalismo”.

Em janeiro, Rodrigo Maia, durante viagem a Washington, disse que o Bolsa Família “escraviza” as pessoas por considerar que o programa de transferência de renda causa uma “dependência” dos beneficiários.

 

G1

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