‘Motel’ em cadeia faz Promotoria anunciar blitz em prisões do Rio

O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, anunciou uma devassa no sistema prisional do estado depois que foram descobertas seis celas com decoração ao estilo “quarto de motel”, com luz vermelha, cama box, corações nas paredes, TVs e filmes em DVDs, destinadas a visitas íntimas no Presídio José Frederico Marques, em Benfica.

A penitenciária abriga presos da Operação Lava Jatono Rio, detentos que têm nível superior ou que deixaram de pagar pensão alimentícia a filhos. Entre os presos ilustres, esteve o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que hoje está detido em Curitiba. A informação sobre as suítes foi publicada pelo jornal O Dia nesta quarta-feira.

“As questões ligadas a Benfica, à administração penitenciária, são muito mais complexas do que essas que eventualmente apareçam. Estamos, em conjunto com o secretário [de Administração Penitenciária] David Anthony, fazendo uma devassa nos contratos relativos à Secretaria de Administração Penitenciária [Seap]. O que era para ser exceção virou regra, 75% dos contratos são renovados sem licitação ou com compras diretas. São questões graves, que não se atêm somente a possíveis benefícios e regalias nas unidades prisionais”, disse Gussem.

Os quartos para visitas íntimas em Benfica chamaram a atenção do Ministério Público durante inspeção feita em fevereiro, após denúncia anônima de que haveria um “motelzinho” no local, segundo a promotora Andrea Amin. “Encontramos no quarto andar esse parlatório, que não era do nosso conhecimento. Fica numa área que estava sempre em obras, era sempre fechado. O informe anônimo era de que seria um espaço utilizado por presos, indevidamente. Nós não estamos limitando a nossa atuação à lâmpada vermelha, coração na parede ou cama de colchão box e tevê. Isso é um ponto, um dado. As investigações não se limitam a um espaço para visitas íntimas”, ressaltou Amin.

Segundo Gussem, o ex-secretário da Seap coronel Erir Ribeiro será chamado a dar esclarecimentos. O atual secretário, David Antony, que tomou posse recentemente, por indicação do interventor na área de segurança, general Braga Netto, revelou que 27 presos tinham autorização legal para usar os quartos de visitas íntimas, sendo dois da Lava Jato. Ele disse que não teme tomar medidas duras para sanear o sistema. “Fizemos uma varredura em todas as celas e encontramos muito material. Com o pessoal da Lava Jato, foram encontrados R$ 10 mil “, disse.

 

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