O poder da palavra

“Escrever é sempre um ato admirável, sem entrar em aspectos técnicos da linguagem, gosto sempre de ressaltar a importância de refletir o que se escreve…” (João Victor Vaz)

Gostaria de começar meu texto dizendo algo semelhante a: “A vida…” ou “O mundo…”, mas na verdade meu desejo é especificar um pouco mais, sair do efeito de generalização causados por essas expressões acima. Meu intuito hoje é falar sobre a literatura, a minha visão sobre ela e de como ela pode ser agente de transformação.

No entanto, não atribua valor seguro em minhas palavras, visto que não sou formado em Letras ou áreas afins. Antes sou mero estudante com interesse em observar o que acontece a minha volta e procurar estabelecer, dentro da minha limitação intelectual, uma trilha do pensamento que possibilite construir opiniões pautadas na semeadura do bem no mundo. O bem aqui entendido na máxima daquele que esteve com a humanidade há milênios, “não fazer aos outros aquilo que não queremos que eles nos façam”.

A quem atribui esta ideia a categoria de utopias, cabe minha posição ante a este discurso, utopia é achar que o mundo só pode ser bom pela violência e pelo derramamento de sangue. Sei que não se pode ter um mundo perfeito, mas um mundo melhor. A História nos presenteia com uma honrosa retrospectiva dos anos humanos na terra, provando que a busca pelas conquistas de impérios e riquezas de toda sorte, buscados por meio da violência e do derramamento de sangue, causou separações em grupos de várias ordens. Isso prova que a violência é algo inconsistente e agente provocador de alardes vis.

FALEMOS, ENTÃO, DE ESCRITA…

Com o surgimento da escrita o homem teve a oportunidade de expressar o que carregava consigo de uma forma mais sofisticada, não mais utilizando meios grosseiros para isto.

O que quero ressaltar é que a comunicação deve ter um propósito maior, deve deixar sua marca de utilidade para outras pessoas, pois acima de tudo, escrever é uma arte, mas nem todos são artistas. Não estou falando de analfabetismo, pois analfabetos muitas vezes em suas comunicações expressam valores de vida maiores que pessoas letradas e de ciência. O que estou tratando é de escritores que escrevem somente por escrever, por que garante a ele um status na sociedade, mas suas palavras são vãs, não constroem, são de teor sarcástico e de natureza vazia.

É claro que a literatura é o lugar no qual gozamos de certa liberdade, escrevemos o que queremos desde que nos responsabilizemos por nossas palavras. Se se lembrou da liberdade de expressão, lembrou, portanto de um conceito histórico que data desde o iluminismo, perpassando a Revolução Francesa até os dias de hoje.

É um vasto campo de possibilidades e através da literatura podemos realizar a ideia que expressei no início desse relato, a construção de um mundo melhor, sem o preço do sangue e da violência. Já tive experiências literárias, apesar de ver muitas vezes o mau uso dessa belíssima ferramenta de mudança de paradigmas. Creio que escrever não é somente documentar orações coordenas ou subordinadas, utilizar todos os recursos gramaticais que se disponha, mas acredito que o escritor deve deixar em seu texto um pedaço de si mesmo, doar-se na construção da palavra, dar sentido e vida a ela.

Nas palavras de Graciliano Ramos, as quais atribuo reverência, expressa o Quebrangulense: “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer”.

Portanto, se você pensa em escrever, lembre-se da responsabilidade que tem em mãos, pois a caneta e o papel podem ser tão ferozes quanto o arco e a flecha, embevecida de veneno, quando lançada aos corações humanos. Quando sentir que sua palavra é vazia, silencie-se sob a plumagem da reflexão e da temperança.

E para terminar nossa conversa, deixo-lhes um trecho retirado do livro Tempos de Esperas, de autoria do Padre Fábio de Melo:

“O tempo de maturação é importante. Escrever é como fazer pão. O tempo da fermentação é indispensável, pois é ele que faz com que o pão cresça antes de ser levado ao forno…” (Tempos de Esperas – Pe. Fábio de Melo)

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