Merchandising de coaching na novela pode ter custado até R$ 5 mi
O merchandising do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) em O Outro Lado do Paraíso, que despertou críticas de profissionais de saúde e de outras instituições de coach, pode ter custado até 5 milhões de reais.
Veiculada no horário mais caro da TV brasileira – durante a novela das nove da Globo –, a ação contou com uma cena de 2 minutos e 55 segundos em que uma personagem (a advogada e coach Adriana, vivida por Julia Dalavia) explica a outra (a mocinha e irmã, Clara, representada pela atriz Bianca Bin) o que é o termo coach, citando nominalmente o fundador do IBC. “José Roberto Marques, o principal coach do Brasil”, diz Adriana a Clara.
O valor, mencionado por fontes do mercado publicitário, contudo, é o chamado preço de tabela. Ou seja, o preço sugerido pela emissora, não o contratado pelo anunciante. Na prática, a emissora e o anunciante, ou a emissora e a agência de publicidade que representa o anunciante, negociam generosos descontos.
O tema coaching surgiu pela primeira vez em O Outro Lado do Paraíso em 17 de janeiro, cerca de duas semanas antes da cena em que José Roberto Marques é mencionado. Em entrevista a VEJA, Marcus Marques, filho de José Roberto e diretor executivo do IBC, disse que o instituto entrou em contato com a Globo depois da “surpresa” de ver o tema abordado pela novela e então fez a proposta de merchandising. Como a novela atualmente tem uma frente (capítulos já gravados) de dois a três episódios, havia tempo para a inserção da ação de marketing.
A celeuma em torno do tema se deve ao fato de, na trama, uma coach estar cuidando de uma garota que sofreu abuso sexual na infância – um trauma muito profundo e sério, dizem profissionais de saúde e mesmo coachs, para ficar nas mãos de uma pessoa que não é especializada na mente humana. Um coach, como a própria personagem da trama diz, é alguém que ajuda uma pessoa e acelera um processo (a busca por um emprego, por exemplo), mas não necessariamente se aprofunda em um tema.
Procurada, a assessoria da imprensa da Globo diz que “informações comerciais são internas”.