Separatistas conquistam maioria absoluta na Catalunha

Os três partidos separatistas conquistaram nesta quinta-feira (21/12) nas eleições regionais a maioria absoluta no Parlamento na Catalunha. Juntos os esquerdistas ERC e CUP, assim como os conservadores do Junts per Catalunha, do ex-chefe do governo catalão, Carles Puigdemont, obtiveram 70 dos 135 assentos.

A legenda liberal, que defende uma Espanha unida, Ciudadanos, foi o partido mais votado e garantiu 37 assentos no Parlamento, três a mais do que o segundo colocado, o Junts per Catalunha. Apesar deste resultado, os separatistas garantiram assentos suficientes para poder indicar o próximo chefe de governo catalão.

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A eleição regional desta quinta-feira bateu um recorde de participação histórico, com 81%. Este número representa um aumento de mais de seis pontos percentuais em relação à votação de 2015, que também foi um recorde na época, com 74,95%.

A grande mobilização eleitoral, que já era prevista na maioria das pesquisas, bateu inclusive o recorde de participação entre todas as disputas eleitorais realizadas na Espanha. Até agora, a mais alta tinha sido nas eleições gerais em 1982, com 79,9%, quando ganhou o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) liderado pelo ex-presidente do governo espanhol Felipe González.

Estas eleições têm um caráter excepcional, já que foram convocadas por Madri depois de suspender o governo catalão. A decisão foi tomada após a declaração de independência da região.

Em Bruxelas, Puigdemont afirmou que o resultado da eleição representa uma vitória da “república catalã” sobre a Espanha. “Esse é um resultado que ninguém pode contestar”, acrescentou.

A crise catalã

O impasse na Catalunha foi considerado a pior crise política na Espanha desde a tentativa frustrada de golpe militar de 1981.

Em 1º de outubro, os catalães foram às urnas, num referendo considerado ilegal por Madri, para votar sobre a independência. O “sim” à separação recebeu mais de 90% de apoio. Mas o comparecimento foi de apenas 43%.

Dizendo ter o “mandato do povo”, o então chefe do governo catalão e líder do movimento independentista, Carles Puigdemont, compareceu em 10 de outubro ao Parlamento regional e declarou independência, num discurso confuso que terminou com ele mesmo suspendendo o processo separatista à espera de diálogo.

Madri deu um ultimato a Puigdemont e recusou-se a dialogar. Abriu-se então uma queda de braço com Barcelona, que culminou com a suspensão temporária da autonomia catalã, a suspensão do governo e o anúncio de novas eleições.

Esta é a quarta vez em sete anos que os catalães realizam eleições regionais, após as de 2010, 2012 e 2015, um exemplo da instabilidade política que vive a região, marcada pelo debate independentista dos últimos tempos.

 

Fonte: CN/efe/lusa

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