E o povo brasileiro continua sofrendo calado…
A que conclusão se pode chegar sobre um país que o seu próprio povo não sabe o verdadeiro sentido e os rumos de seus direitos mais sagrados?
Uma população que, em sua grande maioria, não contesta, não grita e não protesta concretamente, a não ser com a discreta atuação de alguns pouquíssimos grupos muito corajosos, ou com muitos outros que se submetem a representar apenas massa de manobra; estes últimos não têm o direito de exigir respeito.
A serviço de grupos políticos, o que se pode chamar também de facções criminosas, cheios de más intenções e de interesses pessoais e obscuros, que compõem os nossos, já internacional e secularmente conhecidos “podres poderes”, a maior parte de nosso povo se cala e se deixa subjugar, sem ao menos se dar conta de seu poder, esse sim, legítimo.
É como se pode repetir do ideário popular nordestino: “Se o boi de carro soubesse a real força que tem, o homem não viveria espetando-o para trabalhar”. Um Brasil em que os princípios básicos dos Direitos Humanos ainda são motivos de discordâncias, discussões e interesses políticos e desrespeito aos seus preceitos constitucionais, demonstra, inclusive por isso, ser realmente um país subdesenvolvido.
Os direitos humanos são um importante instrumento de proteção a toda e qualquer pessoa no mundo. Por isso, são garantidos por inúmeros tratados e documentos jurídicos em diversos países; um deles é o Brasil.
No Brasil, os direitos humanos são garantidos na Constituição Federal de 1988, o que pode ser considerado um grande avanço jurídico, já que o país conta com uma história marcada por episódios de graves desrespeitos a esses direitos, sobretudo no período do Regime Militar.
A mais recente constituição garante os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais dos nossos cidadãos. Essas garantias aparecem, por exemplo, logo no primeiro artigo, onde é estabelecido o princípio da cidadania, da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho. Já no artigo 5º é estabelecido o direito à vida, à privacidade, à igualdade, à liberdade e outros importantes direitos fundamentais, sejam eles individuais ou coletivos.
Diante de todos esses preceitos previstos em lei, inclusive, o que se pode constatar ou vivenciar verdadeira, eficaz e efetivamente no Brasil? Quase nada. “Brava Gente Brasileira” – sem, contudo darmos o direito de generalizar: acomodada gente brasileira.
“Deitado em Berço Esplêndido”, o povo brasileiro continua a esperar por milagres que, infelizmente, nunca acontecerão. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, disse um dia o poeta, mesmo sob a tirania e a violência do regime militar de 1964, que censurou, humilhou, torturou e matou, não só boa parte de vidas humanas, mas também de suas ideias e atitudes brilhantes.
ACORDA, BRASIL!