Realização de sonho e nova carreira motivam ‘vovôs’ no vestibular

Dos mais de 83 mil inscritos para o vestibular da Unicamp 2018, dois experientes candidatos destacam-se por mostrar que a paixão pelo conhecimento não tem idade. Mais velho a encarar o teste deste domingo, Roberto Pereira, de 74 anos, sonha em cursar ciências biológicas desde quando tinha 15 anos. Concorrendo por uma vaga em ciências da computação, João da Conceição Pap, de 66, pensa que a profissão seja o caminho para um futuro melhor, uma saída diante da crise financeira.

Morador de Francisco Morato, na Grande São Paulo, Pereira fez carreira como professor. Formado em letras pela USP, deu aulas de português por 30 anos, está aposentado mas ainda sente acesa a chama pela biologia desde quando tinha 15 anos.

“Fui seminarista quando era bem jovem só que vi logo que não daria certo. Mas havia um padre, formado em biologia, que me despertou esse interesse pela área. Ele sabia o nome das plantas, gêneros, espécie […] Quero me formar e fazer pesquisas na área de botânica”, avisa.

Viúvo há 17 anos, aposentado desde 2007 e sem contato com as três filhas, que cresceram, formaram família e ganharam o mundo, o professor Roberto Pereira dedica-se aos estudos. Devora os livros de oito a 12 horas por dia, tudo para passar na Unicamp.

Carreira após a aposentadoria

Funcionário público federal, João da Conceição Silva Pap, de 66 anos, pensa na formação em ciências da computação como uma opção de carreira após a aposentadoria. Casado e com duas filhas, de 16 e 10 anos, sabe que precisa reforçar o orçamento.

“Acho um curso superinteressante e vejo que há uma carência grande de profissionais da área. Quem sabe possa trabalhar com isso quando me aposentar, talvez como consultor… É uma forma de ajudar no orçamento com essa crise”, justifica.

Advogado de formação, Pap trabalha com orientação de processos eletrônicos na justiça. Mesmo com uma carreira consolidada, vê na educação, no conhecimento, a melhor maneira de melhorar a vida.

“Comecei estudar muito tarde na vida, aos 18 anos. Sinto na pele essa situação de ter estudado tardiamente. Mas foi o incentivo da minha mãe que fez tudo mudar”, conta.

Trabalhando como auxiliar de tapeceiro em Campinas (SP), mostrou-se descontente por fazer uma função extenuante e receber apenas o salário-mínimo na época.

Pap fez curso técnico em química, chegou a cursar um ano de engenharia civil, mas acabou se formando em direito. Prestou concurso e segue como funcionário público federal.
G1.com

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