PT perdoa PMDB em Alagoas e cinco estados para alianças
No plano nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá martelar a tecla de que o impeachment de Dilma foi um “golpe”. Mas, quando subir nos palanques de ao menos seis estados brasileiros, o petista vai estar lado a lado com os “golpistas” que sempre atacou.
Ao menos nesses seis estados, PT e PMDB, além de outros partidos da base que apoiaram o impeachment, já deflagraram negociações para alianças locais. Em Minas Gerais, se Dilma conseguir a vaga para disputar o Senado, o PMDB pode integrar a sua chapa. A explicação para essa aparente contradição de princípios é, acima de tudo, pragmática. Em especial no Nordeste, onde Lula chega a ter mais de 50% segundo as pesquisas de intenção de voto, a aliança interessa aos dois lados: para o petista, ter candidatos fortes pode impulsionar ainda mais suas possibilidades; para os “ex-golpistas”, ir contra um político tão popular pode complicar as eleições.
“Eventualmente, há conversas nos estados, de maneira informal. São conversas nos estados onde já temos alianças e que perduraram”, afirmou o deputado.
Embora o Diretório Nacional do PT tenha proibido formalmente alianças com partidos que apoiaram o impeachment, figuras importantes dentro do partido já defendem que a regra seja revista. Em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo”, o presidente estadual do PT de São Paulo, Luiz Marinho, próximo de Lula, defendeu que o partido tem de derrubar a proibição.
No Ceará, Eunício já declarou voto em Lula se o PMDB não tiver candidato à Presidência, o cenário mais provável atualmente, já que o presidente Michel Temer tem menos de 10% de aprovação e não há qualquer nome competitivo dentro do partido. Segundo aliados, Eunício inclusive vem se aproximando do atual governador e candidato à reeleição, Camilo Santana (PT). A ideia é que o senador apoie a reeleição de Santana e seja o candidato ao Senado em uma chapa conjunta.
“Se não houver um entendimento nacional, se não houver uma aliança local que me obrigue a agir diferente, eu sou eleitor do Lula”, disse o presidente do Senado há cerca de duas semanas.
Em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel (PT) pode ter como vice o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, do PMDB. O deputado estadual é cotado para ser o vice de Pimentel porque o atual, Toninho Andrade, afastou-se do governador desde o processo de impeachment de Dilma, quando Temer assumiu o comando do país.
Mas o PMDB mineiro está dividido. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (MG), disse ao GLOBO que é contra apoiar o PT e que o partido tem que lançar candidato próprio.
“O PMDB tem essa aliança com o PT atualmente. Há alguns membros que querem reeditar essa aliança e há outros que querem uma candidatura própria, como eu”, reagiu Pacheco, ele mesmo cotado para ser o candidato.
Em Sergipe, a situação é parecida. Embora existam negociações para uma aliança, uma parte do partido tenta evitar a união.
Fonte: O Globo