Planalto avalia que Torquato causou ‘climão’ para o governo e expôs Temer

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, durante entrevista coletiva (Foto: O Globo)

 

Interlocutores do presidente Michel Temer avaliaram, nesta quarta-feira, que as declarações do ministro da Justiça, Torquato Jardim, recheadas de críticas ao comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro, causam um “climão” para o governo e expõem o presidente e o trabalho do governo para contornar a crise na segurança que vive o Estado.

Apesar de oficialmente o Palácio do Planalto se manter em silêncio sobre o tema e por ora evitar embates com o ministro, nos bastidores há até quem fale na possibilidade de exoneração de Torquato Jardim, caso o desgaste cresça e se torne irreversível.

Pessoas próximas ao presidente não engoliram a conexão feita por Jardim entre a cúpula da PM e o crime organizado no Rio. Além de considerarem ingratas as declarações, também lamentaram o timing das falas do ministro. Para esses interlocutores, Torquato Jardim ainda ficará “sangrando” e sofrendo desgaste público por muitos dias, dominando inclusive a pauta da Câmara, já que deputados querem convocar o ministro para se explicar na Comissão de Segurança Pública. Isso tudo no momento em que o Planalto quer retomar a discussão da reforma da Previdência e votar as Medidas Provisórias (MP) do ajuste fiscal.

— É aquela sensação de bode na sala, claro que foram declarações infelizes. Mas ainda bem que ele não é do núcleo duro do Temer, então não retrata a posição do governo — minimizou um auxiliar do presidente, lamentando que a Câmara volte as atenções para isso: — É fato que o Torquato vai ficar sangrando, e a pauta da Câmara a partir de segunda-feira vai ser a convocação dele – completou.

Outro assessor do presidente Michel Temer disse que o momento é de “olhar para frente”. Ele afirmou que Temer conversou nesta quarta com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB ), mas segundo ele as falas do ministro da Justiça não entraram na pauta da conversa.

— Agora que ele já falou, vamos cuidar do que interessa. Há todo um trabalho de integração de forças para o combate ao crime organizado e o governo continua focado nisso, governo está olhando para frente.

Embora a narrativa oficial do Planalto seja de que Temer está distante do fogo cruzado entre Torquato e as autoridades do Rio de Janeiro, o Estado é tema frequente no Palácio, inclusive para promover o governo federal. O presidente citou nominalmente o trabalho feito no Rio um dia após se livrar da segunda denúncia criminal, na última quinta-feira.

— Agora, vamos nos empenhar para que, em breve, possamos combater a violência no Rio de Janeiro — discursou no anúncio de financiamento da Caixa para a prefeitura carioca, enfatizando que a União contribui para a segurança do Rio “há muito tempo”.

Ainda em maio, o governo prometeu que o Estado seria o “laboratório” do Plano Nacional de Segurança e a estrutura foi comparada à da Olimpíada. Um mês depois, contudo, Temer reuniu o governador Pezão, o prefeito, Marcelo Crivella, ministros, parlamentares e secretários fluminenses para dizer que o socorro federal ao Rio não seria “nada pirotécnico”. Michel Temer também recebeu carnavalescos e garantiu verba para a festa do ano que vem.

O Bolsa Família no Rio foi dobrado temporariamente para famílias com jovens entre 12 e 29 anos que façam atividades no contraturno escolar. Ainda, o Planalto prometeu incentivar eventos culturais e turísticos do estado, na esperança de ajudar a retomar a economia local.

 

 

Fonte MSN

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