Marcos da educação, escolas estaduais orgulham Palmeira dos Índios
Por Agência Alagoas
Quarto município mais populoso de Alagoas, Palmeira dos Índios respira história. Lar dos Xucurus-Kariri e terra de grandes escritores – inspirou obras de Graciliano Ramos, seu prefeito de 1928 a 1930 – a “Princesa do Sertão” é o cenário da quinta matéria da série especial sobre as escolas estaduais de Alagoas. Em destaque, a Almeida Cavalcanti, primeira escola pública estadual do município, e Humberto Mendes, o antigo Colégio Estadual e divisor de águas na educação palmeirense.
Fundada em outubro de 1932, a Escola Estadual Almeida Cavalcanti completa 85 anos este ano e seu nome é uma referência ao major Manoel de Almeida Cavalcanti, ajudante de ordem do coronel Pedro Paulino da Fonseca, primeiro governador de Alagoas.
Conhecida pela qualidade do seu ensino, a instituição possui tanta credibilidade entre a população palmeirense que, em 2013, seu primeiro ano de matrícula online, mais de mil pessoas se inscreveram em busca de uma dentre as 120 vagas ofertadas para o 6° ano. “Desde 2015, passamos a oferecer também o ensino médio e a procura continuou enorme. Hoje, temos 600 alunos de 8º e 9º anos e ensino médio”, informa a diretora Rejane Ramos.
A escola também impressiona pela beleza e preservação arquitetônica, mantendo intacta a mesma estrutura de 80 anos atrás, com suas colunas e arcos.“A escola cresceu junto com Palmeira dos Índios e está cercada por alguns dos principais pontos históricos e turísticos da cidade, como a Casa Museu Graciliano Ramos, o Museu Xucurus, a Catedral Metropolitana e a Praça das Caçuarinas”, explica a articuladora de ensino Pollyanne Lafayette.
Heroína palmeirense
As bancas da Almeida Cavalcanti também foram cenário do despertar de uma heroína palmeirense: a professora Lourdes Monteiro, criadora da Fundação de Amparo ao Menor (Fundanor).
A menina tímida e que sofreu com o preconceito da sociedade da década de 1930 em relação ao vitiligo encontrou na escola o ponto de apoio para descobrir o seu potencial. E a sua referência foram as professoras Maria Julia Almeida, Wanda e Daia Ramos (estas últimas irmãs de Graciliano Ramos).
“O Almeida Cavalcanti me fez gente, parece que me batizei lá. Dona Maria Julia me esculpiu, era uma santa, ajudou-me a superar a timidez”, recorda Lourdes.
Quando já era professora formada, Lourdes voltaria ao Almeida Cavalcanti para lecionar adultos no Supletivo. No entanto, sua maior missão ainda estava por vir: já aposentada, aos 52 anos, iniciou um trabalho de assistência a menores carentes de Palmeira dos Índios. O que começou com uma simples distribuição de sopa, culminou na criação de Fundanor, instituição que até hoje é referência pelo trabalho social desenvolvido com crianças da região.
“Fui mãe de muitas crianças e hoje considero que os filhos destas crianças também são meus netos”, conta Lourdes, que esteve à frente da instituição por 27 anos.
O Gigante do Asfalto
E não se pode falar da educação pública de Palmeira dos Índios sem mencionar a Escola Estadual Humberto Mendes. “O Gigante do Asfalto”, como é conhecida a instituição, recebe de braços abertos os visitantes logo na entrada da cidade, impressionando a todos pela sua imponência: são 22 salas, piscina semi olímpica, laboratórios, ginásio coberto e campo de futebol.
Seu nome faz referência ao sogro do então governador Muniz Falcão, assassinado no tiroteio ocorrido na Assembleia Legislativa de Alagoas, em 13 de setembro de 1957. Três anos depois, o governador homenagearia o sogro com a fundação do Colégio Estadual, que seria um divisor de águas na educação palmeirense.
Na obra “A Trajetória da Educação Escolar em Palmeira dos Índios (AL), Ontem e Hoje: o caso do Colégio Estadual Humberto Mendes”, a escritora Josefa Adriana Cavalcante Ferro explica que a instituição surge em uma época em que a juventude palmeirense só tinha o Almeida Cavalcanti ou as escolas particulares Cristo Redentor e Pio XII para estudar e isso ampliou e democratizou o acesso a um ensino público de qualidade.
“O Colégio Humberto Mendes é, com certeza, um dos patrimônios educacionais de nosso Estado, vindo a suprir as aspirações da juventude da época e comunidades carentes de todo o Sertão. Neste meio século de vida, foi berço disciplinar de muitos alagoanos ilustres”, afirma a escritora e secretária de Cultura de Palmeira dos Índios, Isvânia Marques, ex- aluna e professora da escola.
Impossível não se apaixonar
Pelas bancas da Humberto Mendes, passaram lideranças políticas da região, além de médicos e escritores. A instituição também é famosa pela sua fanfarra que, há décadas, encanta os alagoanos pela beleza de suas apresentações.
Há 16 anos em Alagoas, o pernambucano de Bom Conselho André Galdino se apaixonou pelo Estado e Palmeira dos Índios graças à escola. Atualmente diretor da unidade de ensino, ele fala da importância da unidade de ensino para o município.
“Ela é amada pela sociedade palmeirense, pois quase todas as famílias têm alguém que estudou aqui, o que faz com que seja uma referência não só na região, mas em toda Alagoas. Para nossos alunos, é um orgulho vestir esta camisa. Não tem como não se apaixonar”, conclui André, que recebeu a Medalha Sílvio Viana em 2014.