Polícia Federal pede ao Supremo mais prazo para concluir inquérito sobre Temer
A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal o adiamento do prazo para a conclusão do inquérito aberto para investigar o presidente Michel Temer e o ex-assessor dele Rodrigo Rocha Loures, preso há uma semana.
O prazo acabava no próximo dia 13, mas a PF pediu mais 10 dias porque a perícia no áudio gravado por Joesley Batista, dono da JBS, em um encontro com o presidente, não foi concluída. Ainda não há decisão do minsitro Luiz Edson Fachin sobre o pedido da PF.
Joesley Batista fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. Como provas, ele entregou ao Ministério Público documentos, áudios, vídeos e fotos. Entre as gravações, está o áudio de uma conversa que ele teve com Temer em março deste ano.
A defesa de Temer diz que a gravação é “imprestável”, foi editada e, em uma situação “normal”, jamais seria aceita.
No Supremo, o ministro Edson Fachin autorizou a abertura de um inquérito para investigar o presidente pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Segundo o Ministério Público Federal, Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do mandato parlamentar, atuaram em conjunto para impedir o avanço da Operação Lava Jato.
Desde que as delações da JBS se tornaram públicas, o presidente tem enviados notas à imprensa, concedido entrevistas e feito pronunciamentos para rebater as acusações e dizer que jamais atuou para beneficiar a empresa.
No Congresso Nacional, a oposição passou a liderar um movimento a favor do impeachment de Temer e alguns partidos da base aliada deixaram de apoiar o governo. Além disso, o PSDB decidirá na semana que vem se permanece no governo ou desembarca (a legenda comanda quatro ministérios).
Acusações
Relembre abaixo algumas das acusações envolvendo o presidente Michel Temer, de acordo com o Ministério Público e segundo os delatores da JBS:
- ‘Anuência’ para propina a Cunha;
- Ajuda a Cunha com ‘um ou dois ministros’ do STF;
- Pediu a Aécio para retirar a ação no TSE;
- Atuou em conjunto com Aécio para impedir a Lava Jato;
- Recebeu R$ 15 milhões e ‘guardou’ R$ 1 milhão.
Respostas
À medida em que o conteúdo das delações era conhecido, o G1 questionava a Presidência sobre as acusações. Leia abaixo as respostas:
- Ajuda a Cunha: “No diálogo com Joesley Batista, o presidente Michel Temer diz que nada fez pelo ex-deputado Eduardo Cunha. Isso prova que o presidente não obstruiu a Justiça. Michel Temer não recebeu valores, a não ser os permitidos pela Lei Eleitoral e declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Portanto, não tem envolvimento em nenhum tipo de crime.”
- Ação no TSE: “Isso não ocorreu”.
- Atuação para impedir Lava Jato: “O presidente nunca atuou para impedir o avanço da Lava Jato”.
- Recebeu R$ 15 milhões e guardou R$ 1 milhão: “O presidente não pediu nem recebeu dinheiro ilegal.”