Psicólogo ou Psiquiatra?
“Qual a diferença entre psicólogo e psiquiatra?”, “Eles trabalham juntos?”, “Qual caso deve ser encaminhado pra qual profissional?”, “Meu psiquiatra não conversa comigo como meu psicólogo, por quê?”, “Psicólogo só conversa?”, “Meu problema resolve apenas com remédio?”, são questões comuns a todos que buscam uma ajuda de um profissional da saúde mental e frequentemente as pessoas tem ido a profissionais, saindo insatisfeitas com a consulta e/ou sem saber a quem recorrer em qual momento.
Primeiro é importante saber a diferença básica de cada profissional e seu campo de estudo para decidir qual ajuda buscar, considerando, é claro, a necessidade de cada pessoa de acordo com as expectativas com o tratamento. O psiquiatra é um profissional formado em medicina que passa três anos fazendo residência na área de psiquiatria então sua formação está mais voltada aos aspectos biológicos do problema, como genética, hormônios, mecanismos cerebrais envolvidos no problema para tratá-los baseado em medicamentos que atuam na ação dos neurotransmissores provocando aquilo que chamamos em farmacologia de mudanças por drogas psicoativas, elas podem ser alucinógenas, estimulantes ou depressoras do sistema nervoso central. Já o psicólogo é o profissional formado cinco anos na área de psicologia, compreendendo os fenômenos humanos multideterminados e passíveis de mudanças, dando ênfase na influência do ambiente como influenciador do comportamento humano, isso não significa dizer que psicólogos deixam de ver a questão hormonal do comportamento, pelo contrário, psicólogos são formados para considerar a influência filogenética na emissão do comportamento, junto a história do sujeito e o ambiente cultural em que ele está envolvido. Vamos a um exemplo prático: João tem 10 anos de idade e está apresentando desatenção no ambiente escolar, demora para fazer as tarefas solicitadas pela professora e não entendendo as aulas dadas pela professora, vezes ou outra fica agitado e correndo pela sala de aula fazendo a professora ficar correndo atrás dele e pedindo para ele sentar na cadeira. Os pais de João recebe orientações da psicopedagoga da escola que informa que João apresenta sintomas típicos do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e pede para buscarem ajuda especializada.
Tanto consultórios de psiquiatria quanto consultórios de psicologia recebem os mesmos tipos de problemas, então ambos os profissionais são habilitados para identificar e tratar os principais sintomas de qualquer transtorno mental e/ou qualquer outro problema que cause prejuízos para as pessoas, a diferença é que em nossa cultura apenas o médico pode diagnosticar, então o psiquiatra é quem vai dá um diagnóstico do caso em questão, inclusive há casos em que o psiquiatra pede para que o psicólogo faça uma avaliação ampla antes dele diagnosticar, quando trabalham em conjunto. Mas no caso de João, apresentado aqui, um dos medicamentos mais prescritos no Brasil para o TDAH é a Ritalina. Essa droga é um estimulante que tem como ação aumentar as conexões sinápticas resultando na alta capacidade de atenção da criança e diminuir sua agitação. Já o psicólogo estará mais preocupado com os estímulos do ambiente desta criança que funcionam como causadores de seu comportamento de desatentar e/ou agitar-se. Então o foco será para o tipo de conteúdo que está sendo passado para a criança, a metodologia da professora, a quantidade de estímulos da sala de aula, a educação da criança em casa e os ganhos da criança em se comportar daquela forma. Através dos atendimentos psicológicos é possível modificar a forma como as pessoas se comportam apenas analisando e transformando os ambientes que mantém os comportamentos, fazendo com que, assim, a pessoa modifique seus processos neuroquímicos através de novos comportamentos, não à base de medicamento que funciona apenas enquanto estiver no organismo. Depois que passa seu efeito a pessoa volta a se comportar da mesma forma e não aprendeu de forma funcional a manejar novas contingências em seu ambiente.
Algumas formações podem permitir ao psiquiatra utilizar de técnicas comportamentais usualmente típicas de consultórios de psicologia, no entanto não se compara com a formação do psicólogo que estará muito mais voltada a esses processos ambientais. A utilização de medicamentos em alguns transtornos como o de esquizofrenia, por exemplo, se fazem necessários, mas sempre com o objetivo de ser retirada gradativamente ou diminuída suas dosagens ao máximo que puder afim de que o sujeito esteja o mais possível capacitado para se utilizar das técnicas do psicólogo para modificar seu ambiente. Por isso, o trabalho entre psicólogo e psiquiatra deve ser em conjunto, de modo que um auxilie o outro na melhora do problema apresentado pela pessoa, entretanto apenas em casos extremos, porque a psicologia compreende que o tratamento de qualquer problema pode ser feito a base de modificação ambiental, das variáveis que causam o comportamento problema do sujeito. Um tratamento comportamental, ativa áreas cerebrais e forma novos circuitos neuronais de forma mais saudável e garantidas para o resto da vida da pessoa, pois nosso cérebro tem capacidade para executar qualquer comportamento seja ele problemático ou não, sem a necessidade de drogas no organismo. As causas de qualquer comportamento está no ambiente em que o sujeito está inserido e é neste mesmo ambiente que é possível modificar este comportamento. Seja no tratamento de pessoas em luto de separação amorosa, perda do emprego, dificuldades em relacionar-se com alguém, ciúmes extremos que dificulta a vida saudável da pessoa, comportamentos danosos e violentos, birra infantil, dificuldades na relação sexual, entre tantos outros até casos configurados como transtornos como os de ansiedade, depressão, bipolaridade, pânico, fobias, esquizofrenia e problemas ditos “neurológicos” como dislexia, amnésia, Acidente Vascular Cerebral (AVC), enfim.
Portanto, antes de consultar um psiquiatra, passe por um psicólogo para uma avaliação de seu caso. A formação do psicólogo permite a este profissional aproximar-se de diferentes áreas do conhecimento e diferentes estratégias para lidar com diferentes situações, isso vai depender muito da filosofia em que ele abraça para trabalhar profissionalmente. Os psicólogos clínicos são aqueles habilitados para tratar estes problemas de comportamento, cada um com perspectiva filosófica e científica de trabalho, mas neste texto foi exposto a efetividade do trabalho do psicólogo analista do comportamento para avaliar e tratar das queixas que comumente chegam nos consultórios de psiquiatras e psicólogos atualmente.
Psicólogo comportamental (CRP15/4764), formado pela Universidade Federal de Alagoas, com formações em psicopatologia em análise do comportamento e técnicas de memória e oratória. Com capacitação para avaliação psicológica e experiência em casos de transtornos psicológicos tanto na clínica quanto em instituições de saúde menta
conteúdo bastante enriquecedor para podermos conhecer um pouco mais e podermos definir melhor o nosso conhecimento sobre as duas profissões. PARABÉNS AO CARO ALUNO.