MPE/AL denuncia sete pessoas pela morte de vigilante no Benedito Bentes
O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio da 55ª Promotoria de Justiça da Capital, denunciou, nesta quarta-feira (3), sete pessoas pela morte do vigilante Amaurílio da Silva Santos, que ocorreu em janeiro deste ano, na Grota São José, bairro do Benedito Bentes, em Maceió. Sem chance de defesa, a vítima foi assassinada por disparos de arma de fogo e a golpes de arma branca, pedradas e pauladas antes de ser decapitada.
Os alvos da ação penal são Bruno Diniz Barbosa, vulgo “Curió”; Márcio Campelo Moreira, vulgo “Tubarão”; Ítalo Hipólito dos Santos; José William Teixeira da Silva; Paulo Henrique Silva de Oliveira, vulgo “Paulinho”; Jonathan Kleverton Silva de Oliveira, vulgo “Dodo”; e Damião dos Santos Neves, vulgo “Pinguim”, que é o líder da organização criminosa. Os dois últimos estão foragidos, enquanto os demais se encontram presos preventivamente no Sistema Penitenciário de Alagoas.
Pesam contra os denunciados acusações de homicídio qualificado (motivo torpe, meio insidioso e cruel e meio que dificulte a defesa da vítima), destruição e vilipêndio de cadáver, associação criminosa e corrupção de menores. Eles também respondem pela tentativa de homicídio contra Amaurílio e os pais dele, os caseiros Josilene da Silva Santos e Amauri Tavares, que ocorreu num momento anterior ao assassinato.
Segundo o MPE/AL, o grupo atuava no tráfico de drogas no Conjunto Cidade Sorriso, também no bairro do Benedito Bentes, sob o comando de Pinguim. Além dos nomes denunciados pela 55ª Promotoria de Justiça da Capital, mais quatro pessoas fazem parte da organização criminosa e atuaram no homicídio de Amaurílio. Entre eles, um adolescente e Wellington da Silva Souza, o “Etinho”, que foi o pivô do conflito e veio a falecer após confronto armado com a vítima, na tentativa de homicídio.
O caso
Na manhã do dia 25 de janeiro, Etinho e outro indivíduo desconhecido invadiram o Sítio São José, localizado em grota homônima, no Benedito Bentes, para furtar mangas. Insatisfeitos com os furtos recorrentes, os caseiros do imóvel, Josilene da Silva Santos e Amauri Tavares, junto ao seu filho Amaurílio da Silva Santos, impediram a retirada das frutas, dando início ao conflito entre a família e os traficantes.
Pouco tempo depois, Etinho retornou ao sítio na companhia de mais dez homens, a maioria armada com revólveres e espingardas. O traficante chegou a disparar contra Josilene, acertando uma bacia que ela trazia consigo, e a “pinar” outros dois disparos, dando oportunidade para caseira se refugiar dentro de casa. O grupo começou então a deflagrar disparos contra o local onde se encontravam as vítimas.
Diante do ataque e em defesa própria e de seus familiares, Amaurílio reagiu deflagrando tiros de espingardas contra os agressores. Um dos disparos atingiu Etinho, que veio a falecer. A Polícia Militar chegou a aparecer no local em virtude do tiroteio, porém, segundo o MPE/AL, apenas aconselhou a família a se retirar do local, devido à periculosidade do grupo.
“Contrariado com a morte do traficante Wellington, querendo vingança, Damião dos Santos Neves, o ‘Pinguim’, deu a ordem ao seu bando para matar a vítima Amaurílio da Silva Santos e trazer a sua cabeça decapitada, certamente para servir de troféu e exemplo para quem ousasse a enfrentar o bando criminoso”, relata a 55ª Promotoria de Justiça da Capital na ação penal.
Vingança
Amaurílio foi surpreendido pelos criminosos quando subia a grota carregando móveis na companhia de um vizinho, na mesma manhã em que o conflito teve início. A vítima foi obrigada a se deitar no chão antes de parte do grupo efetuar disparos de arma de fogo em sua cabeça, enquanto a outra parte desferia golpes de facão e pedradas. De acordo com a denúncia do MPE/AL, Pinguim assistiu à cena de cima da ladeira e ordenou a decapitação do vigilante.
O corpo de Amaurílio ainda foi arrastado pelas ruas da Grota São José. Em seguida, a organização criminosa levou a cabeça da vítima para ser exposta no Conjunto Cidade Sorriso II, “como forma de impor o terror e a lei do silêncio na comunidade”, segundo o MPE/AL.
Para a ação penal, a 55ª Promotoria de Justiça da Capital usou como prova o resultado de investigação do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) e de forças policias. Eles encontraram um vídeo gravado em celular pelos denunciados, contendo imagens da execução do vigilante, bem como de sua decapitação e execração pública do cadáver.
O MPE/AL pede para que a comunidade do bairro ajude a denunciar a participação de outras pessoas no crime e que ainda não foram identificadas. A informação pode ser compartilhada pelo Disque Denúncia 181, com garantia de sigilo e preservação de anonimato.
Assessoria MPE