Corpo do cantor Jerry Adriani é velado no Rio

O corpo do cantor Jerry Adriani, que morreu neste domingo (23), é velado desde a manhã desta segunda-feira (24), no Cemitério Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio. Ídolo da Jovem Guarda, o artista enfrentava um câncer. O artista tinha 70 anos.

O filho Thadeu Vivas recebeu o corpo na capela B do cemitério. Para que todos os amigos, familiares e fãs possam se despedir do cantor, o corpo será velado durante todo o dia, e o enterro está previsto para acontecer às 17h.

Por volta das 9h, a viúva de Jerry, Ceila Passos chegou acompanhada da atriz Alcione Mazzeo, mãe do ator Bruno Mazzeo. Ela contou que Adriani era muito próximo dela e lamentou a morte do amigo.

“Ele era uma pessoa muito especial. Nós sempre tivemos muito contato. Ele era uma pessoa muito boa. Uma pessoa íntegra, carinhosa e que encontrou uma mulher maravilhosa, atual esposa, a Ceila. Ele estava vivendo um grande amor, estava tão feliz, e aí descobriu essa doença”, lamenta Alcione.

O músico e amigo Erasmo Carlos chegou por volta das 11h30 ao velório. “A gente perde uma pessoa única que se foi para deixar muita saudade. Era um grande cantor, sincero, honesto com o que faz, feliz e com uma legião de fãs. Ele deixou um legado pra mim, que adorava e adoro, e vou continuar ouvindo as músicas dele”, disse o Tremendão.

Nas redes sociais, a viúva de Jerry lamentou a morte do cantor e citou um texto atribuído a Charlie Chaplin: “Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.”

O cantor Zeca Pagodinho, grande amigo de Jerry, também enviou uma coroa de flores em homenagem ao artista.

Agnaldo Timóteo, contemporâneo de Adriani nos anos 60, foi até o caixão do amigo e se emocionou. “Era um artista completo, versátil e de muitos sucessos. Ele vai embora, mas a sua imagem nunca, vai ficar sempre aqui”, disse Timóteo.

Fãs de Jerry vieram de São Paulo para se despedir do cantor. Em uma van fretada que saiu de São Paulo nesta madrugada, pelo menos cinco fãs vieram dar o último adeus ao artista. Tania Stocco, de 50 anos, é fã do Jerry desde 2015, quando conheceu pessoalmente o cantor num show em São Paulo. Ela destacou as principais características do artista.

“Além de ser um cantor espetacular, único e dono de uma voz maravilhosa ele era um ser humano ímpar. Tratava todos fãs como amigo. Era um artista único com uma simplicidade e humildade que não se encontra no meio artístico”, conta Tânia.

A mãe de Tânia, Antonia fênix, de 72 anos, é apaixonada pelo Jerry desde 1965. Ela não conteve a emoção ao falar do artista.

“Depois que me aproximei dele, ele frequentava minha casa nós ficamos muitos amigos. Ele falava pra mim que me considerava como sua mãe. E eu também tinha ele como meu filho. Estou arrasada. Foi muito triste,” disse muito emocionada a idosa.

Perfil do artista

Jair Alves de Souza nasceu em 29 do janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São Paulo. Adotou o nome artístico de Jerry Adriani quando começou sua carreira como cantor, em 1964. O primeiro disco foi “Italianíssimo”, quando cantava músicas em italiano, algo que seguiu fazendo em toda a carreira.

Em 1965, o cantor passou a gravar em português, com músicas reunidas no disco “Um grande amor”. Também na década de 1960, Jerry virou apresentador do programa “Excelsior a Go Go”, da TV Excelsior. O programa coapresentado por Luiz Aguiar era um musical com apresentações de artistas como Os Vips, Os Incríveis e Cidinha Santos.

Outro programa musical que ele comandou foi “A grande parada”, no ar pela TV Tupi em 1967 e 1968. Ele era um dos apresentadores ao lado de Neyde Aparecida, Zélia Hoffmann, Betty Faria e Marilia Pêra.

Além da TV, Jerry se aventurou pelo cinema. Ele cantou e atuou em “Essa gatinha a minha” (com Peri Ribeiro e Anik Malvil); “Jerry, A grande parada”; e “Jerry em busca do tesouro” (com Neyde Aparecida e os Pequenos Cantores da Guanabara).

Incentivo a carreira de Raul

Jerry Adriani também aproveitou de sua fama para dar apoio a novos artistas. Ele, por exemplo, foi um dos primeiros a incentivar um então pouco conhecido Raul Seixas.

Raulzito e os Panteras atuaram como banda de apoio de Jerry por três anos. O cantor gravou músicas de Raul (“Tudo que é bom dura pouco”, “Tarde demais” e “Doce doce amor”) e foi produzido pelo maluco beleza entre 1969 e 1971.

Depois da TV e do cinema, Jerry tentou a sorte no teatro. Em 1975, participou do musical “Brazilian Follies”, tendo ficado um ano e meio em cartaz.

Após essa experiência, ele seguiu fazendo shows e gravando discos. Em 1985, lançou “Tempos Felizes”, com regravações dos tempos de Jovem Guarda.

No início da década de 1990, Jerry se dedicou a um disco sobre as origens do rock, com o nome “Elvis Vive”. Em 1994, participou da novela “74.5 uma onda no ar”, exibida pela TV Manchete. Um ano depois, fez shows para comemorar os 30 anos da Jovem Guarda e participou como convidado especial de uma coletânea do estilo.

Em 1996, voltou à música italiana, com o disco CD “IO”. Em 1997, teve duas músicas em trilhas de novelas da Globo. “Engenho” fez parte da trilha de “A indomada”, e “Con te partiró”, dueto com a italiana Mafalda Minnozzi, foi parar na trilha de “Zazá”.

Versões de Legião Urbana

Também na década de 1990, saiu o disco “Forza Sempre” (1999). O trabalho tinha apenas músicas da Legião Urbana regravadas em italiano.

Foi um dos maiores sucessos da carreira de Jerry Adriani desde os tempos da Jovem Guarda. De acordo com o site oficial do cantor, bateu a marca de 200 mil cópias. De quebra, “Santa Luccia Luntana” foi bastante tocada na novela “Terra Nostra”.

O primeiro DVD da carreira foi gravado em 2007, no Canecão, no Rio. “Jerry Adriani Acústico Ao Vivo” trouxe sucessos e inéditas em formato acústico. Em 2011, lançou o CD “Pop, Jerry & Rock”, incluindo homenagem para Raul Seixas e Tim Maia na música “2012”. A ideia de cantar outros ícones da músicas brasileira e do rock rendeu ainda o show “Jerry toca Raul & Elvis”.

Em 2014, Jerry Adriani completou 50 anos de carreira. Ele seguia em turnê pelo Brasil.

 

 

G1

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