Delações da Odebrecht: Dilma é citada em depoimento sobre repasse de caixa 2
O nome da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) aparece em delações da Odebrecht que deram origem à “lista de Fachin”. A Procuradoria-Geral da República encontrou indícios de pagamento de caixa 2 e irregularidades no relacionamento entre o governo federal e a empreiteira. Como Dilma não tem foro privilegiado, as informações foram enviadas para outras instâncias – o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, e a Justiça Federal do Paraná.
Em uma delações, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, ex-executivo da Odebrecht, citou pagamentos indevidos para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014. Segundo o delator, o dinheiro de caixa 2 para a campanha foi pago por intermédio do assessor Manoel Sobrinho, a pedido de Edinho Silva, que foi o tesoureiro da petista.
Esse processo foi para São Paulo porque Edinho é o atual prefeito de Araraquara, no interior do estado, e porque o depoimento não cita nenhuma pessoa com prerrogativa de foro privilegiado. Agora, cabe à Justiça de São Paulo decidir se abre investigação para apurar a delação.
O documento sobre o depoimento de Alexandrino Alencar não detalha valores ou as formas de pagamento do caixa 2. Em outra delação – que não faz parte desse processo e que foi divulgada em março deste ano –, Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, disse que pagou R$ 150 milhões à campanha de Dilma. Parte do valor (não especificado) foi repassado como caixa 2. Na época, DIlma negou ter autorizado pagamentos não contabilizados.
Investigação no Paraná
Outra petição, enviada ao Paraná, traz depoimentos de seis delatores Odebrecht. São eles: Emílio Odebrecht, dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, e os ex-executivos Alexandrino Alencar, Hilberto Mascarenhas, Luiz Eduardo Soares e Pedro Augusto Ribeiro Novis.
Segundo o Ministério Público, os colaboradores narram o desenvolvimento das relações institucionais entre o grupo Odebrecht e o governo federal, a criação do Setor de Operações Estruturadas (responsável pelo pagamento de propinas), a criação da empresa Braskem, além dos pagamentos que teriam sido feitos ao governo e o funcionamento das planilhas “italiano” e “pós-italiano”, em suposta referência aos períodos em que Antonio Palocci e Guido Mantega ocuparam cargos no governo, respectivamente. O documento não deixa claro quais seriam as supostas irregularidades praticadas por Dilma.
Em outra petição enviada à Justiça do Paraná, Dilma é citada pelos delatores Henrique Serrano do Prado Valladares e Emílio Odebrecht. Os executivos disseram que procuraram o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, para reverter o resultado da licitação da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira. A obra tinha sido vencida pelo consórcio liderado pela empresa Tractebel-Suez. Segundo delatores, o ex-presidente optou por não contrariar Dilma, que seria vista como responsável pelo favorecimento da empresa estrangeira.
O que diz Dilma
Na noite desta terça (11), quando foi divulgada a “lista de Fachin”, a ex-presidente divulgou uma nota:
“A presidenta eleita Dilma Rousseff vem sendo vítima de vazamentos seletivos e direcionados há meses, sem que sequer saiba do que está sendo acusada. Mais uma vez, sabe pela imprensa.”
Nesta quarta (12), Dilma disse que não vai comentar as acusações.