Investigação prossegue dois meses após acidente aéreo que matou Teori
A investigação que apura as causas do acidente aéreo que matou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki prossegue após dois meses da tragédia, completados neste domingo (19).
Relator da Operação Lava Jato no STF, Teori Zavascki morreu aos 68 anos, em 19 de janeiro, depois que o avião em que estava com outras quatro pessoas caiu no litoral de Paraty (RJ).
Atualmente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável por apurar quedas de avião no país, está coletando e analisando dados obtidos do acidente, informou a Força Aérea Brasileira (FAB), à qual o Cenipa é subordinado. Não há prazo para a conclusão da investigação.
Um dos objetos estudados pelo Cenipa, em Brasília, é o gravador de voz da cabine do piloto. Por meio do áudio registrado, por exemplo, é possível saber o que o piloto falou antes da queda, seja com os passageiros ou com o controle de tráfego aéreo. É possível também ter uma indicação se os sistemas do avião estavam funcionando normalmente, como o motor da aeronave.
Questionada pelo G1, a FAB não informou se a análise do gravador já foi concluída e se há indicativos de falha humana. Essa seria uma hipótese preliminar segundo investigadores ouvidos pelo colunista do G1, Matheus Leitão.
Na época do acidente, a TV Globo informou que o piloto da aeronave fez duas tentativas de pouso no aeroporto de Paraty antes de cair no mar. A gravação também teria demonstrado, de acordo com a TV Globo, que não houve pânico, pedido de socorro ou alarme sonoro dentro da aeronave.
Análise preliminar da Aeronáutica também indicou que a caixa-preta, onde fica o gravador, não apontou “qualquer anormalidade” nos sistemas da aeronave.
Entretanto, o áudio é somente um dos eixos da investigação – o GPS e destroços do avião também estão sob análise – e não pode ser considerado como conclusivo, segundo a FAB ao G1.
Ao G1, a Força Aérea afirmou que todo o processo é “dinâmico” porque novas demandas surgem a partir das análises já realizadas. Mesmo assim, a investigação será concluída no “menor prazo possível”, de acordo com a complexidade do acidente. O relatório final será divulgado publicamente no portal do Cenipa na internet.
Acidente
O avião de prefixo PR-SOM era um modelo Hawker Beechcraft King Air C90 e pertencia ao grupo Emiliano Empreendimentos, cujo dono, Carlos Alberto Filgueiras, de 69 anos, também morreu no acidente. De pequeno porte, tinha capacidade para oito pessoas.
As outras vítimas foram a massoterapeuta Maira Lidiane Panas Helatczuk, de 23 anos, e a mãe dela, Maria Ilda Panas, 55, além do piloto Osmar Rodrigues, 56. Segundo informações do Bom Dia Brasil, ele era conhecido por ser “muito cuidadoso” e chegou a dar palestra para outros pilotos sobre como fazer a rota São Paulo-Paraty.
Segundo a Infraero, a aeronave decolou às 13h01 do Campo de Marte, em São Paulo, com destino a Paraty, e caiu próximo à Ilha Rasa, a 2 km de distância da cabeceira da pista do aeroporto da cidade fluminense. O acidente ocorreu por volta das 13h45.
Chovia bastante no momento do queda, segundo imagens de radar. O mau tempo é um fator que pode comprometer a aproximação do aeroporto de Paraty, em que as aterrissagens só podem acontecer em condição visual.
Testemunhas disseram que não houve explosão. Uma delas afirmou ter visto o avião voando baixo ao fazer uma curva e batendo uma das asas no mar.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a documentação da aeronave estava regular. O certificado era válido até abril de 2022, e inspeção da manutenção (anual) estava válida até abril de 2017.