Crédito fundiário realizada sonho de agricultores em Alagoas
A agricultora familiar Maria Eliane Martins comemora o fato de morar na casa própria. “É muito gratificante ter a própria terra para trabalhar junto com meu marido”, afirmou.
Esse foi um dos objetivos da alagoana Maria Eliane Martins, de 38 anos, alcançado por meio do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). A trabalhadora rural está entre as 30 famílias da Unidade Produtiva de Tamanduá, no município de Poço das Trincheiras (AL), que quitaram a dívida da terra. A luta foi longa, a produtora entrou no programa em 2005. Foram cerca de 12 anos de muito trabalho, porém trabalho para pagar as parcelas da casa própria.
Eliane morou durante sete anos na fazenda onde o marido trabalhava. Hoje, ela comemora o fato de morar no que é dela. “É muito gratificante. Para quem morava na terra dos outros, ter um pedacinho de terra para trabalhar e para criar os meus bichinhos é tudo nessa vida”, comemora.
A quitação da dívida é motivo de alegria não só para os agricultores, mas também para Secretária Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). O pagamento das parcelas dos beneficiários do programa é sinônimo de mais de dinheiro no Fundo de Terras que servirá para atender mais famílias. “O fundo precisa ser alimentado para a gente emprestar para novas famílias. A gente empresta para outros agricultores a partir do pagamento das parcelas. Ano passado, nós retomamos quase R$ 200 milhões para o Fundo de Terras”, afirma Raquel Santori, subsecretária de Reordenamento Agrário da Sead.
O técnico em agropecuária Tiago Medeiros, extensionista da Carpil, empresa que presta assistência técnica na unidade, acompanhou de perto a caminhada de Eliane para quitar a dívida. Ele afirma que as mulheres abraçam a produção junto com os maridos. “As mulheres realizam as atividades junto com eles. Elas vão para roça, fazem a produção de fundo de quintal de hortaliças. Eles trabalham juntos e dividem os compromissos”.
A decisão de colocar a terra no nome de Eliane veio em conjunto com o marido. Para ela, a terra própria possibilita de fato uma agricultura em família. “Toda vida eu fui agricultora, nasci e me criei aqui. Essa foi uma escolha de nós dois. É bom pra gente combinar com o marido as tarefas, trabalhar junto mesmo”, comenta.
Com o marido, Eliane planta palmas, milho, feijão, cria galinha, vaca, ovelha entre outras atividades na propriedade. A produção que ajuda a alimentar as duas filhas do casal, também contribuiu para a formação da agricultora. Hoje, as mãos que trabalham duro na terra conquistada também seguram um certificado de técnico em enfermagem. “Depois de muito tempo, com quase 38 anos, eu terminei meus estudos, fiz meu curso técnico lutando e trabalhando aqui”. Ela conta que já exerce a função de técnica, mas que não abandonou a agricultura familiar e continua vendendo e produzindo.
PNCF
O programa oferece condições para que os trabalhadores rurais, sem terra ou com pouca terra, possam financiar um imóvel rural. O PNCF trabalha em três linhas. São elas: o Combate à Pobreza, para regiões e trabalhadores com renda mais baixa; a Consolidação da Agricultura Familiar, voltada para o combate à pobreza rural, a sucessão e consolidação da agricultura familiar; e a Primeira Terra, voltada para os jovens. Os recursos do crédito podem ser acessados por qualquer agricultor familiar que preencha os requisitos do programa, como não ser servidor público e não ter sido beneficiado por outro programa da Reforma Agrária, por exemplo. Os beneficiários do PNCF também podem ter acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.