Prefeitura vai apurar denúncias contra UPA e unidade de saúde de Palmeira dos Índios
CARLOS ALBERTO JR. – Especial para o Estadão Alagoas
A polêmica envolvendo uma suposta receita passada por um enfermeiro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Palmeira dos Índios a um bebê de sete meses continua. Na manhã desta sexta-feira (10), o prefeito Julio Cezar concedeu entrevista a uma emissora de rádio da cidade e o assunto veio à tona.
O gestor mostrou-se ainda indignado com o caso e pediu desculpas aos familiares da criança que reside no Rio de Janeiro e está na cidade com uma avó. “O caso da pequena é de se indignar. Determinei que a direção da UPA se reunisse, que fosse aberta uma sindicância, tanto do posto de saúde que atendeu mal à criança e também pelo atendimento realizado na UPA. As medidas serão tomadas. O caso servirá de exemplo. Peço desculpa à família pela forma como foi atendida”, frisou o prefeito.
Nas redes sociais, o assunto continua em discussão. A maioria absoluta das postagens é de internautas contrários à atitude de um suposto enfermeiro da UPA de Palmeira dos Índios. No entanto, alguns preferem comentar que enfermeiros não podem, como determina a ética e a formação desses profissionais, passar receitas a nenhum paciente, seja em unidade de saúde, clínica ou hospital.
A verdade é que o fato aconteceu dentro da unidade. Porém, não se pode, ainda, confirmar se, de fato, foi praticado por algum enfermeiro da UPA. A suposta medicação foi escrita num pedaço de papel sem timbre e sem assinatura do responsável, o que é compreensível, numa situação como esta.
Revoltada, a família da bebê denunciou o caso à imprensa local na última terça-feira (7). O suposto enfermeiro teria entregue a uma tia da criança dois remédios não recomendados para bebês. Um deles, chamado Dipirona, é indicado como analgésico (para dor) e antitérmico (para febre). O outro é um xarope chamado Abrilar. De acordo a recomendação médica é para uso oral e pode ser usado por crianças, mas a partir de dois anos. A prescrição irregular ainda recomendou que fosse ingerido “bastante líquido”.
Alguns profissionais da área, e até pessoas leigas, questionam a veracidade do fato justamente pela “receita” ter sido escrita num pedaço de papel, sem timbre, nome, assinatura ou carimbo do suposto enfermeiro.
A reportagem ouviu, na terça-feira (7), o coordenador da UPA de Palmeira dos Índios, Evandro Tavares. Ele disse que recebeu a foto tirada por um tio da bebê que é sargento da PM e responsável pela divulgação pelas redes sociais. “Não tem identificação, nome do enfermeiro… Nada comprova esse procedimento. Não podemos acusar nem nos defender, pois qualquer pessoa pode ter feito isso”, defendeu-se.
Sobre a queixa da família do bebê, o coordenador disse que esteve reunido com todos os enfermeiros da UPA para tratar sobre esses assuntos. “Estamos de portas abertas para a família. Queremos esclarecer essa situação, pois é a palavra de um paciente contra a de um funcionário que não existe, porque ainda não foi encontrado”, concluiu.
A situação ficou ainda mais grave quando a família finalmente conseguiu que a criança fosse atendida numa Unidade Básica de Saúde do bairro Palmeira de Fora. A médica responsável pelo atendimento atestou que a bebê estava com início de pneumonia e receitou os remédios adequados.
A expectativa da população de Palmeira dos Índios é de que nos próximos dias a coordenação da UPA confirme se, de fato, algum profissional da enfermagem assumirá que recomendou as medicações para a criança.