AMA diz que situação de municípios canavieiros é insustentável

1Com uma estiagem nunca vista na história de Alagoas, a situação dos municípios canavieiros se tornou insustentável. Esta foi a conclusão de encontro realizado na manhã desta segunda-feira (06), na sede da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), e que reuniu gestores públicos, produtores e demais representantes do setor para debater soluções à crise hídrica.

Traduzida em números, a crise aponta uma redução de 22% na safra 2016/2017 atingindo diretamente 7.402 produtores, que geram 300 mil empregos diretos e indiretos. “É uma situação nunca vista e insustentável”, disse o prefeito Jarbas Omena, que representa a AMA junto à Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana).

A gravidade da situação está no fato de que 80% dos fornecedores são pequenos agricultores, com áreas de até 30 hectares, que retiram da terra duas mil toneladas de cana e têm renda mensal pouco superior a um salário mínimo. Para repor toda área perdida, este ano, serão necessários investimentos de R$ 62 mil per capita.

Nessas cidades, diz o prefeito Jarbas Omena, a economia está estagnada, em virtude da ausência de circulação de dinheiro em feiras e pequenos mercados. “Há trabalhadores se desfazendo de bens conquistados com muito sacrifício para botar comida na mesa”, destacou.

Com chuvas bem inferiores à média, além da ação de outros fenômenos naturais, a produtividade dos canaviais alagoanos caiu de 61 toneladas/hectare para 45,3 toneladas/hectare. Há, ainda, as áreas em que a cana nem sequer brotou, o que eleva a angústia entre os produtores de um estado que já colheu mais de 60 milhões de toneladas da cultura, quando a média atual não ultrapassa os 16 milhões.

Crise social

Na oportunidade, os prefeitos também externaram preocupação com a crise social e a violência provocados pela retração da principal atividade econômica de 57 municípios. O problema se agrava com a antecipação do desemprego no setor, provocada pelo fim da moagem – que, por causa da seca, fez com que as usinas parassem com 40 dias de antecedência. Com a redução de meses de trabalho, somada à mudança na lei do seguro desemprego, muitos desses trabalhadores temporários ficarão sem o direito de requerer o benefício.

A deputada estadual Jó Pereira, que também participou do encontro, disse que toda a sociedade precisa se integrar e encontrar alternativas de curto e longo prazos. Já o vice-presidente da AMA, Joaquim Beltrão, que presidiu a reunião desta segunda, disse que a associação vai encampar esta luta, “que é mais humanitária que financeira”, citando, ainda, a morte de extensos coqueirais no litoral alagoano.

Ao lado do vice-presidente da Asplana, Roberto Inojosa, e do diretor administrativo Willian Fragoso, o diretor técnico Antônio Rosário e o representante da Rede Interinstitucional para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro, Iedo Teodoro, apresentaram um panorama sombrio para 2017.

Como resultado da reunião, AMA e Asplana vão entregar um documento à bancada federal e aos ministros que participarão da próxima reunião da entidade, no dia 13 de março, relatando os problemas e pedindo apoio para a reedição da MP da subvenção da cana, repactuação de empréstimos a vencer e financiamento para renovação dos canaviais e aquisição de insumos. Já ao governador Renan Filho (PMDB), prefeitos e produtores vão solicitar a doação de até 3 mil toneladas de adubo.

 

 

Fonte: AMA

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